🚀 Planet Hits 2: A Consolidação da Franquia (1996)
O Volume 2 do Planet Hits foi a prova definitiva do acerto da joint-venture PolyGram-EMI: "Se é para o bem e felicidade da nação digo ao povo que fico". O projeto deixou de ser uma aposta e se tornou uma potente franquia, consolidando-se como uma vitrine indispensável de grandes músicas e sucessos daquele ano.
🎸 Rock e Crossovers Inesperados
O álbum "Made in Heaven" (1995), lançado após a morte de Freddie Mercury, é uma verdadeira colcha de retalhos de material de arquivo do Queen. A faixa "Heaven for Everyone" é um grande exemplo do trabalho de Brian May e Roger Taylor, que aplicaram a identidade sonora da banda a sobras vocais de Mercury para criar um material que soasse inédito. A canção, na verdade, era uma participação vocal de Mercury no projeto solo The Cross, de Roger Taylor, tendo sido lançada como single inexpressivo em 1988. No entanto, o relançamento, após a morte de Mercury, transformou-a em um hit global, provando o legado duradouro da banda. É com esse fervor e emoção que a faixa abre a coletânea Planet Hits 2.
A banda Bon Jovi provou que ainda tinha muito a oferecer após o sucesso da coletânea "Cross Roads - The Best Of" (1994). O álbum seguinte, "These Days" (1995), trouxe a belíssima balada romântica "Lie to Me". A faixa rapidamente se tornou recorrente nas FMs brasileiras, dominando especialmente os programas noturnos de músicas lentas (Love Songs), solidificando o lugar da banda como ícone do rock romântico na década.
O hit "Alright" impediu que o Supergrass fosse apenas mais um sucesso momentâneo no cenário indie rock britânico. Sua inclusão no filme "As Patricinhas de Beverly Hills" (Clueless) deu à música uma visibilidade internacional crucial. A canção se provou atemporal, transformando-se em um hino constante em jogos de futebol na Inglaterra. É esse som solar, alegre e divertido que define o legado do Supergrass até hoje.
🗣️ Lealdade Questionável e Estratégias de Divulgação
É fato que a banda Mike & The Mechanics quebrou um longo jejum de hits desde a década de 1980 com o álbum "Beggar on a Beach of Gold" (1995). O grande destaque foi a balada folk "Over My Shoulder". Contudo, o vocalista Paul Carrack demonstrou foco dividido: ele gravou seu álbum solo, "Blue Views", em paralelo com a divulgação da banda. Sua falta de prioridade ficou evidente ao ousar incluir uma versão acústica de "Over My Shoulder" como lado B de seu próprio single solo, "Eyes of Blue", competindo diretamente com a promoção da versão original.
É preciso reconhecer a insistência da PolyGram com os irlandeses do Boyzone, mas a estratégia adotada foi questionável. Para promover o álbum "Said and Done" (1995), a gravadora elegeu o cover de "Father and Son" (original de Cat Stevens) como carro-chefe. Embora a escolha tenha sido comercialmente certeira, ela se tornou um empecilho para a boy band, criando uma dependência de regravações. A fonográfica reforçou esse hábito ao escolher, como primeiro single do álbum seguinte, "A Different Beat" (1996), mais um cover. Essa repetição de fórmula, certamente, renderia cenas nos próximos volumes da série Planet Hits!
🌍 Ações de Mercado e Conflitos de Timing
A curadoria da coletânea trazia faixas de artistas com ciclos de divulgação estendidos, como Sheryl Crow, cuja inclusão de "Can't Cry Anymore" permitiu que o aclamado "Tuesday Night Music Club" (1994) se estendesse até 1996 no Brasil.
Na contramão, o Faith No More foi vítima de uma estratégia de mercado equivocada. A Polydor optou por repescar e insistir no B-Side "I Started a Joke" (um cover dos Bee Gees visto por muitos como "horrendo") e promovê-lo na novela História de Amor. O sucesso estrondoso e pejorativo desse cover no país dispersou o público. Dessa forma, a inclusão de "Evidence", a faixa correta do álbum "King for a Day, Fool for a Lifetime" (1995) no Planet Hits 2, perdeu sua relevância, distorcendo a identidade alternativa da banda.
Outro grande acerto da EMI foi consolidar a carreira de artistas como Andru Donalds, investindo em "Save Me Now" como single principal (tema de novela), o que foi fundamental para desmistificar sua imagem de cantor apenas de reggae. A gravadora também acertou ao licenciar o selo Medley Records, trazendo o soft rock dinamarquês do Michael Learns To Rock para o Brasil, com a balada "That's Why (You Go Away)" garantindo grande destaque.
Em 1996, o U2 lançou o projeto Passengers (Original Soundtrack 1), e a grande surpresa foi "Miss Sarajevo", a união de Bono Vox com o tenor Luciano Pavarotti. Essa obra-prima musical foi um evento cultural que fez as rádios brasileiras pararem. Quem imaginaria ouvir Pavarotti tocando na Jovem Pan e nas principais rádios pop da concorrência? Isso só foi possível graças à audácia do projeto.
💃 O Dance e a Apoteose Final
Masterboy e DJ BoBo provaram a necessidade de criar álbuns de qualidade, e não apenas singles. O Masterboy demonstrou versatilidade com "Land of Dreaming", que ganhou destaque na rádio na sua versão original gospel (tema da novela Vira Lata) e a poderosa versão US (americana), com o vocal forte de Beatrix Delgado. Já o DJ BoBo, com o álbum de remixes "Just For You" (1995), emplacou a faixa inédita "Let's Come Together" — uma aposta ousada flertando com uma batida dancehall próxima de uma balada.
E o hit global "Zombie", do The Cranberries, só se consolidou de fato em 1996 no Brasil, vítima da lentidão das gravadoras majors em divulgar seus singles. Esse atraso permitiu que o cover dance do projeto ADAM feat. Amy (1995) se popularizasse primeiro, gerando um choque no público. Ao ouvir a versão original, os brasileiros foram surpreendidos pela atmosfera apocalíptica e cavernosa do rock que a banda irlandesa era capaz de entregar, um contraste intenso com as baladas que haviam marcado sua chegada ao país. É essa versão poderosa que apoteoticamente fecha o disco!

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