segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Planet Hits 3 (1996)

 

💿 Planet Hits 3: O Ano da Consolidação (2º Semestre de 1996)

E quando todos pensavam que a série Planet Hits acabaria, o 2º semestre de 1996 nos brinda com o 3º volume, vindo em uma capa com borda preta e nomes dos artistas preenchendo a borda em bege, com o meio em laranja e um holofote com um Globo terrestre na frente. Totalmente diferente da sugestão de capas escuras das edições anteriores.

A joint-venture PolyGram-EMI se mantinha firme, trazendo para o 2º semestre uma grande seleção, mas com 14 músicas que, mais do que nunca, mostravam as escolhas peculiares da curadoria.

🎧 A Jornada Auditiva do Volume 3

  1. The Cranberries — "Free to Decide"Abertura certeira, que finalmente colocava o The Cranberries em um timing de divulgação mais ajustado ao mercado global, contrastando com o caos cronológico visto nos volumes anteriores. A coletânea acerta ao iniciar com a faixa do álbum "To The Faithful Departed" (1996), embora este fosse um trabalho mais obscuro e menos aclamado que seus antecessores. Após o longo atraso de "Ode to My Family" (Volume 1) e o surpreendente choque apocalíptico de "Zombie" (Volume 2), esta inclusão pontual marca, de certa forma, a normalização da presença da banda nas coletâneas nacionais.

  2. George Michael — "Fastlove" (Remix)O carro-chefe do álbum "Older", lançado em 1996 – três anos após o EP Five Live com o Queen – aparece aqui em uma versão remix assinada pelo projeto Fortright, marcando uma decisão claramente equivocada. A coletânea trouxe um remix acelerado que nunca deu as caras em FM alguma, a não ser em programas voltados para música eletrônica especializada. Seria muito mais coerente se tivessem selecionado a versão classuda "Summer Mix" que, posterior ao lançamento do single, foi adotada pela Rádio Antena 1 e apresentava um arranjo idêntico ao do MTV Unplugged do cantor. Na época tinha ranço da música, hoje a ouço como se fosse uma parte 2 da original.

  3. Everything But the Girl — "Wrong" (Todd Terry Remix): Inclusão certeira. A coletânea trouxe a versão remix assinada por Todd Terry (do álbum "Walking Wounded" de 1996), repetindo o sucesso da parceria em "Missing".

  4. Bon Jovi — "These Days": O quarto single do álbum homônimo foi um hit poderoso do grupo. Inclusão certeira. Só teria optado pela versão Radio Edit, para diferenciar a versão do album.

  5. Gianluca Grignani — "La Mia Storia Tra Le Dita": A canção chegou ao Brasil no frio de junho de 1996, sendo marcada pelas rádios como a "canção do outono". Lançada como single em 1994, e no álbum "Destinazione Paradisio" em 1995, sua inclusão, puxada pela novela Vira Lata, demonstra o timing perfeito da PolyGram em capitalizar o sucesso de um hit que explodia no mercado nacional.

    [Nota Analítica] Essa cronologia de sucesso tardio reflete uma questão estrutural do mercado brasileiro na época, que só reconheceu e priorizou o pop/rock italiano (como ele e Laura Pausini) após sua consolidação na Itália e no mercado hispânico.

  6. Pet Shop Boys — "Se a Vida É (That´s the Way Life Is)": Lançada no álbum "Bilingual", é uma grata fusão do pop eletrônico britânico com os tambores do Olodum, uma das canções mais solares do PSB.

  7. Sheryl Crow — "If It Makes You Happy"A gravadora PolyGram demonstrou timing perfeito, liberando essa balada poderosíssima junto com o lançamento do álbum homônimo (1996). Essa inclusão pontual representa, finalmente, um acerto editorial na caótica cronologia da artista no Brasil. Após os atrasos do Volume 1 (com B-sides virando hits por novela) e a divulgação estendida no Volume 2, a PolyGram atinge o auge da sincronia. A faixa provou sua força, sendo resgatada dois anos depois como tema da minissérie Labirinto.

  8. Lenny Kravitz — "Can't Get You Off My Mind"Com a EMI/Virgin também no timing, a faixa do álbum "Circus" (1995) foi single em 1996. A inclusão dessa balada expõe a rica, mas indefinida, sonoridade de Lenny Kravitz e a confusão do público brasileiro. Seu cartão de visitas no país foi a balada R&B "It Ain't Over 'Til It's Over" (tema da novela Vamp), um som que logo foi confrontado pelo Hard Rock de "Are You Gonna Go My Way". Com essa trajetória de extremos, a canção "Can't Get You Off My Mind" — mais suave e Soul — reforça a dificuldade da indústria em classificá-lo. No entanto, essa oscilação de gêneros nunca diminuiu o profundo respeito que o público e a crítica mantiveram por sua integridade artística.

  9. Bryan Adams — "The Only Thing that Looks Good on Me Is You": Faixa do álbum "18 Til I Die" (1995). Essa e a próxima faixa entram na categoria de sugestão de curadoria. Na época, eram músicas que eu pulava, mas hoje, por identidade musical adquirida, eu ouço sem pular e ainda subo o volume de tão boas que são.

  10. Roxette — "June Afternoon"Faixa da coletânea "Don't Bore Us! Get To The Chorus!" (1995) do Roxette, é considerada uma escolha de curadoria notável. A inclusão dessa faixa, porém, sugere uma estratégia editorial: se a gravadora tivesse selecionado o grande sucesso "You Don't Understand Me" (que despontou em 1996), o público com coleções como a Planet Hits teria menos incentivo para adquirir o CD completo do Roxette.

  11. Shania Twain — "The Woman in Me (Needs The Man in You)"A faixa é simplesmente arrebatadora. Lançada em agosto de 1995 como o terceiro single do álbum homônimo, ela só ganhou destaque no Brasil em 1996, puxada pela novela O Rei do Gado (tema de Lia Mezenga). O pleno vigor vocal da cantora, unido ao trabalho do produtor Robert John "Mutt" Lange, reflete o ápice do casal, entregando uma balada de ambição e força inigualáveis. Essa faixa merecia um posto de maior destaque na coletânea, mas, principalmente, não ser seguida pelo desastre que viria a seguir.

  12. Maxi Priest — "That Girl (Club Edit)"Este é, de fato, outro equívoco, e francamente brochante. Mais do que a escolha de uma faixa que não era um hit avassalador, a coletânea insistiu na inclusão de uma versão eletrônica acelerada que sequer captura a essência sofisticada do artista, que funde o R&B com o reggae. A canção original, que abria o álbum "Man With The Fun" (1996) e que dominava as rádios, era superior. Além disso, sua inserção logo após a faixa avassaladora de Shania Twain quebra a fluidez e a experiência crescente de deleite etéreo. A coletânea falhou ao apresentar uma versão inferior e deslocada do hit de rádio, o que me faz, até hoje, suspirar com um sonoro "affffffff" mental e um leve sorriso de canto de boca.

  13. Soraya — "Suddenly": Quase encerrando, a colombiana Soraya (In Memoriam) traz a faixa do álbum "On Nights Like This". A canção foi lançada simultaneamente como bonus track na edição hispânica "En Esta Noche", sendo a versão em inglês para "De Repente", marcando com afinco sua estreia no mercado global. Embora a cantora não tenha chegado à indicação ao Grammy por esta faixa, seu trabalho de estreia demonstrou que ela alcançou um patamar de respeito na indústria. A canção é, de fato, muito linda! A inclusão na trilha da novela Anjo de Mim é, nesse contexto, mero detalhe.

  14. Elbosco — "Nirvana": Fechando o ciclo de grandes hits, o projeto misturava canto gregoriano com batida tecno new age. A canção, tema da novela Quem É Você, encerrou a coletânea com um toque de espiritualidade eletrônica.

Para baixar esta coletânea em FLAC, clique AQUI


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