Páginas da Vida é uma telenovela brasileira produzida e exibida pela TV Globo de 10/07/2006 a 02/03/2007, tendo 203 capítulos.Substituiu Belíssima e foi substituída por Paraíso Tropical,
A novela foi escrita por Manoel Carlos com colaboração de Fausto Galvão, Maria Carolina, Juliana Peres, Ângela Chaves e Daisy Chaves, tendo a direção de Jayme Monjardim, Fabrício Mamberti, Teresa Lampreia, Frederico Mayrink e Luciano Sabino. A direção geral foi de Fabrício Mamberti e Jayme Monjardim, também diretor de núcleo.
A trilha sonora contou com 3 CDs lançados comercialmente: Nacional, Internacional e Longe, sendo esta última uma espécie de trilha complementar.
Páginas da Vida Lounge contou com seleção de repertório de Manoel Carlos, Jayme Monjardim e André Werneck.
"Por trás do som: os bastidores sombríos de uma trilha sofisticada"
"O segredo sonoro: Paula Fernandes e o prenúncio velado de uma estrela"
O músico Marcus Vianna fez chegar aos ouvidos de Jayme Monjardim - amigo e parceiro de trilhas sonoras de novelas por ele dirigidas - a cantora Paula Fernandes (com quem Viana já havia trabalhado no projeto "Sagrado Coração da Terra"), numa espécie de lançamento velado. Para isso, produziu o album da cantora com arranjos celta-lounge que disfarçaram uma estréia estratégica. Era mais que uma versão bem feita: era o prenúncio de uma carreira. Quem ouvia "Dust in the Wind" em Páginas da Vida sequer fazia ideia de que aquela voz em inglês fluente era de uma artista mineira que logo se tornaria fenômeno nacional.
"Mister Jam e a arte da pulverização: vozes, pseudônimos e rastros apagados"
Três faixas atribuídas a nomes distintos — X-Static, Lady Rockefeller e Farina — compartilham a mesma assinatura vocal de Laura Almeida, além de arranjos e timbres de seu irmão Fábio Almeida e Ian Duarte, mentores do projeto Mister Jam. Coincidência? O selo fonográfico é a MaxPop, da própria Mister Jam.. Aparentemente, a estratégia era pulverizar autoria sob pseudônimos, apagando rastros de origem e, em alguns casos, até de autoria legítima.
A faixa "Here With Me" chama atenção por quase reproduzir integralmente a base instrumental de "Kissing" do Bliss (álbum Quiet Letters, 2005), trocando a melodia vocal por uma linha alternativa — bela, mas claramente derivativa. O detalhe que salta aos olhos? Os créditos de autoria indicam “C. Peterson” e “I. Gear” — nomes que não existem em bases confiáveis.
O caso se repete em "Far Away", cuja versão original foi gravada por Trumpet Thing e lançada no Buddha-Bar V (2003). Aqui, ela ressurge com novos vocais, nova identidade e a mesma assinatura falsa. Vale destacar que os mesmos arranjos aparecem em versão instrumental na trilha internacional da novela Como Uma Onda, sob o título "Te Quiero", do projeto Erotik, com crédito de autoria análoga ao intérprete. Apesar de listada como faixa independente, a assinatura da produção deixa claro que se trata da mesma origem — o que me permitiu inclusive criar a colagem sobre a versão mixada.
Por fim, a faixa "Feel Me Up" é uma reconstrução da original "Breather 2000" do projeto Afterlife (album Simplicity Two Thousand, 2000). A mudança do título e da letra camufla a origem, mas não engana ouvidos atentos.
"A colagem do engano: como a sonoridade disfarça a fragmentação"
A seleção musical de Páginas da Vida Lounge transita entre o repertório refinado e uma sofisticação aparente, criando uma atmosfera de falso envolvimento. Isso se revela, sobretudo, na construção sonora: a colagem entre o fim e o início das faixas tenta criar uma sensação de continuidade fluida, disfarçando a origem fragmentada — e por vezes obscura — de certas gravações.
"Hiato Orquestral: o descompasso de ‘Movimento de Primavera’ na curadoria Lounge"
A faixa “Movimento de Primavera”, do compositor Alexandre Guerra, embora bela e refinada, escapa completamente da proposta lounge. Com seu tom orquestral e caráter incidental, parece extraída de uma trilha cinematográfica, criando um hiato estilístico no disco. É um exemplo claro de como, em meio às tentativas de sofisticação, a coesão curatorial foi deixada de lado. Sua inclusão, aliás, parece funcionar como respiro estratégico antes das farsas subsequentes do Mister Jam — que retomam a ambiência lounge, mas dentro de uma teia técnica de regravações e assinaturas falsas, contribuindo para a criação de uma aparente autenticidade. O produto até soa coeso e original, mas repousa sobre camadas pouco transparentes.
"A última faixa avisa que o bar está fechando"
E para o fechamento do disco, um encerramento anticlimático: “Beautiful Girl”, um cover acústico do INXS gravado por Paulo Ricardo. Não é lounge, não é etéreo, não é ambiente — é balada pop feita para agradar o público vanguardista. A sensação final é a de um cardápio sofisticado que termina com um pudim de leite: gostoso, mas deslocado. Pior: soa como uma forçação para encerrar a degustação — tipo quando a sobremesa chega meio correndo porque a cozinha vai fechar. A música entra com cara de “última chamada” num jantar que já passou do ponto, encerrando a playlist com uma doçura sem contexto. Um fecho apressado, como se o garçom estivesse esperando com a conta na mão.
"Trilhas sob suspensão: o quebra-cabeça Sonoro das verdades ocultas no Lounge":
Assim, a playlist torna-se um verdadeiro quebra-cabeça sonoro, onde cada faixa, embora encantadora isoladamente, revela em conjunto os enigmas de autoria, identidade e direitos autorais na indústria musical nacional. Mais do que simples pano de fundo, Páginas da Vida Lounge parece carregar os ecos de personagens e arcos dramáticos deixados de lado na trilha oficial — reaparecendo aqui camuflados sob roupagens etéreas de bossa nova e smooth jazz. O resultado é uma trilha que, à primeira audição, parece feita sob medida para restaurantes sofisticados, mas que, numa escuta atenta, revela uma engenharia estratégica de reaproveitamento, anonimato e pseudo sofisticação. Um produto refinado por fora, mas profundamente obscuro por dentro — e que, talvez, só funcione graças à criatividade das gravadoras em transformar limitações legais em “curadoria artística”.
Trilhas que, muitas vezes tratadas como pano de fundo, escondem verdadeiros enigmas da produção musical nacional — regravações, pseudônimos e uma engenharia criativa para contornar direitos autorais. Em tempos de streaming, olhar para trás com atenção é quase como montar um quebra-cabeça emocional.
E você já tinha notado isso? Me deixa aqui sua opinião nos comentários!
Faixas:
01. Here with Me – X-Static
02. La Maison – Gabin
03. Obtener un Si – Shakira
04. La Più Bella del Mondo – Celso Fonseca e Ronaldo Bastos
05. Don't Let Me Be Misunderstood – Juliana Aquino
06. Meditation (Meditação) – Salena Jones
07. Samba da Bênção – Bebel Gilberto
08. Dindi – Leila Maria
09. Minha Saudade – João Donato e Paulo Moura
10. Movimento de Primavera – Alexandre Guerra
11. Far Away – Lady Rockfeller
12. Feel Me Up – Farina
13. Dust in the Wind – Paula Fernandes
14. Beautiful Girl – Paulo Ricardo
A coletânea passou por processo de nova masterização, com faixas completas.
Para baixar em FLAC (Lossless), clique AQUI.
amigo bom dia, sugiro que poste o compacto fagner e cirino em losless flac, com as capas, e devidos créditos e tudo mais. fica aqui minha sujestão muito legal esse compacto, na verdade a primeira gravação do nosso grande rainundo fagner.
ResponderExcluirSugestões todos têm, mas tempo e recursos são limitados. Apoio quem me apoia. Se essa reação te soa incômoda ou grosseira, talvez o problema esteja no tipo de relação que espera ter com meu trabalho.
ExcluirVocê sempre chega sugerindo post com especificações técnicas exigentes (FLAC, capas, créditos), como se fosse checklist de edital. E claro, com o "fica aqui minha sugestão", tentando parecer colaborativo, mas com tom geral de “faz aí pra mim”, como se fosse teu servidor pessoal.
Como o que pediu não foi sugestão, mas solicitação de serviço, R$ 150,00 no PIX (sem valor de mão de obra). Valor orçado na Discogs. Pix gazetadosom@gmail.com
Nota aos leitores — e aos que passam correndo:
ResponderExcluirEste espaço é dedicado à partilha consciente de ideias, análises e descobertas culturais. Cada postagem nasce de uma motivação específica, fruto de escuta atenta, reflexão e vontade de aprofundar o olhar sobre aquilo que, muitas vezes, passa despercebido.
Por isso, quando alguém aparece com um pedido completamente alheio ao que está sendo discutido — ignorando o tema, o tom e o tempo da conversa — é como interromper uma música com um apito. Desloca, desconcerta e, francamente, desrespeita o processo.
Aos que chegam para somar, com curiosidade sincera e vontade de trocar, meu muito obrigado. É por essa sintonia que o blog segue vivo. Aos que só querem “um favorzinho”, talvez seja melhor procurar outro endereço — aqui, a pauta é outra.
Muito obrigado! Por mais essa obra prima, e agradeço tabem pelos albuns anteriores alguns eu não conhecia, muito bons eu baixei e fico escutando na madrugada kkk trabalho a noite kkk
ResponderExcluirMaravilha, isso é ouro! Sifnificou que meu propósito foi devidamente cumprido! É bem vindo sempre!
ExcluirOlá Denis, tudo bem?
ResponderExcluirGostei muito de sua análise profunda e consistente sobre a trilha sonora desse disco.
Realmente "Páginas da Vida Lounge" é um lançamento puramente caça-níqueis, embora traga algum prazer ao ouvirmos Bebel Gilberto e até Paulo Ricardo.
Muito obrigado pela postagem e brilhante apresentação.
Eu decidi procurar faixas completas e isolá-las para vermos como a coesão fica comprometida. E mais, tem evidências de plágio em três faixas e usando crédito falso como se fossem um mesmo autor. E uma delas tenta mascarar colocando um vocal com outra melodia. Percebi a farsa quando em 2008 vi o filme Sex in the City e apareceu "Kissing" do Bliss.
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