Este é um momento em que paro as remastrizações, respiro, pra me dedicar a algumas playlists próprias, com buscas de algumas músicas raridades. Foi o caso aqui. Anos a fio pesquisando para chegar numa coletânea entregando não só o melhor garimpo, como masterização faixa por faixa e bolar arte, com aporte do site Free Pik.
E eu vou comentar faixa por faixa, um pouco da história e te convido a viajar comigo!
01. I Want It That Way (No Goodbyes) - Backstreet Boys
A versão quase ninguém ouviu: a segunda “I Want It That Way”:
1998 foi um ano decisivo para a boyband, já que a Jive Records resolveu lançar mundialmente o álbum de estreia do grupo — originalmente lançado em 1995 e, em alguns países, em 1996. O motivo? O sucesso estrondoso do segundo álbum, Backstreet's Back, de 1997. A distribuição ficou a cargo da Virgin, que detinha licença do catálogo da Jive (do conglomerado Zomba).
Enquanto parte do mundo ainda descobria as faixas antigas como se fossem novas, os Backstreet Boys já estavam em estúdio, preparando I Want It That Way. Em novembro de 1998, Max Martin apresentou à banda uma versão demo da música. A gravadora, no entanto, pediu uma letra que "fizesse mais sentido". O grupo acatou, e as duas versões foram gravadas. A Jive seguiu promovendo a versão revisada nas rádios a partir de dezembro de 1998, mas foi a versão original — com frases desconexas e melodia cativante — que conquistou a banda.
Essa versão, que ganhou o apelido de “No Goodbyes”, acabou sendo descartada oficialmente em abril de 1999. Mas, de alguma forma, eu ENCONTREEEEEEI a master da segunda versão! E, pessoalmente, prefiro essa.
02. Mad About the Boy - Ava Leigh
Mad About the Mix: Quando o Reggae conheceu o Jazz:
Ava Leigh foi uma aposta promissora da Virgin Records no Reino Unido. Em 2008, ela gravou o álbum Rollin’, que chegou a ser distribuído como promo em rádios locais de Londres. O single “Mad About the Boy” ganhou visibilidade ao ser incluído na trilha do filme Gatos, Fios Dentais e Amassos, sendo lançado mundialmente nas plataformas digitais.
Criada em um ambiente musical — com passagem por uma banda de jazz na escola e influenciada pela mãe, fã de reggae — Ava decidiu misturar Dancehall com elementos de New Jazz, propondo uma nova roupagem para o reggae nas pistas de dança. A mistura era ousada e promissora, mas por desinteresse da gravadora, o lançamento oficial do álbum Rollin’ acabou cancelado.
Algumas faixas só foram resgatadas em EPs lançados entre 2007 e 2009, e “Mad About the Boy” — apesar de conhecida por ouvintes da extinta Oi FM e da Antena 1 — nunca foi oficialmente autorizada para o mercado brasileiro. Uma pena. Mas agora, você pode ouvir essa raridade por aqui!
03. What You See Is What You Get - Alain Clark duet with Caroline Chevin
O hit ‘preso’ da Suíça que conquistou o Brasil:
O holandês Alain Clark lançou em 2007 seu segundo álbum, Live It Out, que foi o primeiro inteiramente em inglês. Algumas faixas desse álbum chegaram a ganhar destaque em novelas da Globo, graças ao apoio da Warner Music, que distribuiu o material pelo selo 8Ball Music, oficial do cantor. O single “Head Over Heels” teve relativo sucesso no Brasil em 2009.
Quando Alain lançou o álbum Colorblind, a Warner Music cuidou da distribuição mundial, mas na Suíça a distribuição ficou por conta do selo local Nation Music. Esse selo incluiu um dueto especial de Clark com a cantora suíça Caroline Chevin na faixa “What You See Is What You Get”. A canção virou hit local, foi incluída em coletâneas bootleg alemãs, mas nunca teve sua distribuição oficial liberada pela Nation Music — ficando restrita à Suíça nos serviços de streaming.
Por aqui, a faixa ganhou exclusividade na programação da Rádio Antena 1, que a toca com frequência até hoje. Para esta coletânea, a música foi obtida em formato lossy, porém com qualidade melhor que o esperado, e passou por um processo de masterização para aprimorar seu som.
04. Still I Rise - Jon Secada duet with Cyndi Lauper feat. Mykul
"Still I Rise": um grito de resistência:
Um encontro tão inusitado quanto surpreendente, essa colaboração entre Jon Secada e Cyndi Lauper foi lançada em 2014 sem qualquer divulgação ou ação promocional. Produzida por Joel Diamond, a canção é uma adaptação musical do poema de Maya Angelou, escritora e ativista que cedeu seu poderoso texto para a composição.
O poema “Still I Rise” é um símbolo de resistência e empoderamento, abordando a luta pelos direitos civis, sendo especialmente relevante para os movimentos feminista, LGBT e pela igualdade racial nos Estados Unidos.
Apesar de sua mensagem forte, a canção teve distribuição restrita, disponível apenas nas plataformas de streaming da Amazon Music na Alemanha, tornando-se uma raridade para fãs e colecionadores.
05. Everyday (Positronic Club Edit) - Bon Jovi
"Everyday": do rock ao ritmo das pistas:
Em 2002, para divulgar o single "Everyday" do álbum Bounce, Bon Jovi contou com um remix exclusivo para as pistas de dança, produzido pelo norte-americano Michael L. McDannold, conhecido como Positronic. Essa versão remix foi distribuída em CDs promocionais pela Universal Music no Canadá e no Reino Unido. A Rádio Jovem Pan teve acesso exclusivo a esse remix e o incluiu em sua programação, tornando-se uma versão rara e cobiçada pelos fãs. Para esta coletânea, procurei manter a duração próxima à que era tocada nas rádios.
06. Somebody That I Used to Know (DJ Mike D Remix) - Gotye duet with Kimbra
"Somebody That I Used to Know": da balada ao remix de pista:
Em 2012, a canção que promovia o album Making Mirrors do australiano Gotye tinha alcançado o topo das paradas. Então, o DJ Mike D produziu uma versão com batidas dançantes pop tipo "white label" (bootleg), divulgada nas mídias sociais do produtor. A versão rapidamente conquistou espaço na programação da Rádio Jovem Pan, despertando o interesse dos ouvintes mais fiéis pela novidade em ritmo de pista.
07. 855 7019 - Bee Gees
Alô? Aqui é o Lado B dos Bee Gees:
Lançada como B-side do single "How to Fall in Love Part 1" em 1994, "855 7019" é uma espécie de número que nunca atendeu, um monólogo de secretária eletrônica. Esta faixa rara nunca integrou oficialmente nenhum álbum ou coletânea do trio Bee Gees. Essa exclusividade a torna um verdadeiro tesouro para fãs e colecionadores, revelando um lado pouco explorado da icônica banda. Seu som reflete a fase madura do grupo, mas permanece escondida do grande público até hoje.
08. Kiss and Say Goodbye (Remix with Sax) - N-Phase
Love Song retrô com edição especial: agora em versão Cidade FM:
A releitura do clássico dos Manhattans, lançada pelo grupo N-Phase e presente na trilha da novela Quatro Por Quatro em 1994, ganha aqui um remix exclusivo. A versão original “Sax Mix” foi gentilmente cedida por Wanderlei Fernandes (SP), amigo que conheci por meio da comunidade Discogs, e que possuía o single em excelente estado.
Com o auxílio de inteligência artificial, desmembrei os elementos da versão remix e os combinei com a gravação oficial — já que o remix original era curto e sem a introdução icônica da faixa. Assim nasceu um extended remix que resgata todo o charme do R&B romântico dos anos 90, agora com toques extras: estalos de dedos na introdução e um chorinho adicional de saxofone no final — tudo para criar aquela atmosfera aveludada digna das Love Songs da Cidade FM.
Everton Maliska (RS), amigo e fã assumido da música, aprovou sem hesitar: “Ficou cremosíssimo!”. E quer saber? Ficou mesmo.
09. Raincloud (Cuca's R&B Radio Mix) - Lighthouse Family
Quando o R&B britânico ganhou calor brasileiro:
A versão R&B desta obra-prima do Lighthouse Family surgiu de forma quase clandestina: lançada apenas como faixa de 6 minutos na coletânea Bootleg 08, distribuída a DJs do Rio de Janeiro em 1998. Produzida pelo lendário DJ Cuca, essa releitura é sofisticada e traz claras referências ao hit Happy, do grupo Surface. Sua vibe lembra também a remixagem feita por Cutfather & Joe para Loving Every Minute.
Para esta coletânea, editei a faixa com um toque pessoal: criei uma versão Radio Edit usando o MVSep, que me ajudou a construir um final próprio e inserir alguns loops de trechos ao longo da canção. O resultado? Uma versão enxuta, com balanço e charme, pronta pra tocar em qualquer pista com classe!
10. Remember the Time (Video Version) - Michael Jackson
Do álbum para as telas: a versão que elevou "Remember the Time":
“Remember the Time”, do álbum Dangerous, dispensa apresentações — um verdadeiro clássico. Mas a versão feita exclusivamente para o videoclipe, com aquele trecho marcante do meio (“Do you remember, girl, On the phone, you and me, Till dawn, two or three, What about us, girl?”) e a icônica dança com tema egípcio, dá um show à parte — pode até deixar Dark Horse, da Katy Perry, no chinelo! Nota 10!
Para esta coletânea, peguei a introdução e o final da versão do álbum e os inseri nos momentos exatos da versão do vídeo, além de corrigir alguns clippings nos graves para garantir a melhor qualidade sonora.
11. If You Could Read My Mind (Hex Hector New Intro Mix) - Stars on '54
O remix eletrizante que dominou a região metropolitana de Campinas:
Stars on '54, projeto que reuniu Amber, Ultra Naté e Jocelyn Enriquez, trouxe uma releitura da clássica "If You Could Read My Mind", de Gordon Lightfoot. Para o single, o DJ Hex Hector criou remixes marcantes. Nesta coletânea, apresentamos uma versão exclusiva que une partes do Club, Dub e Edit mix, recriando o clima da edição que a Rádio Educadora FM de Campinas/SP costumava tocar em sua programação. O resultado é uma abertura eletrizante, perfeita para animar qualquer pista ou rádio.
12. Gettin' Jiggy Wit It (Top DJ Remix) - Will Smith vs. Sister Sledge
Mistério na batida: o mashup brasileiro que ninguém sabe quem fez:
Depois de anos atrás desse mashup incrível de “Gettin' Jiggy Wit It” com “He's the Greatest Dancer” que a Rádio Educadora FM de Campinas/SP tocava — e que até hoje é sucesso — descobri que ele sempre esteve escondidinho numa coletânea bootleg Top DJ de 1998. Esse CD-R independente, lançado pelo selo PRI, era feito para DJs e circulava como uma preciosidade underground, no melhor estilo série Bootleg do Rio de Janeiro. O grande mistério? Nunca consegui descobrir quem foi o gênio brasileiro que produziu essa maravilha. Como diria o Chicó, “não sei, só sei que foi assim.” E assim ficou essa joia, surgindo do nada pra embalar nossas pistas.
13. Love, Sex, Magic (Solo Version) - Justin Timberlake
A versão “cancelada” de JT que você merecia ouvir:
Justin Timberlake já tinha mostrado seu talento com FutureSex/LoveSounds, que rendeu parcerias com Timbaland, Nelly Furtado, Madonna e mais. Entre 2007 e 2008, ele estava a mil, até ficar “de janela”, dividindo o tempo entre música e cinema. Em janeiro de 2009, soltou discretamente a faixa Magic nas rádios, que só em março saiu oficialmente em parceria com Ciara, como Love, Sex, Magic. Aqui, batizei essa versão solo de Love, Sex, Magic (Solo Version). Oi FM, Jovem Pan e Mix FM tocaram bastante essa versão “cancelada”. Agora, descanselei ela pra você ouvir. Aceite, é de coração!
14. Love on Top (Video Version) - Beyoncé
O final seco que só o clipe da Mrs. Carter tinha:
Esta versão, extraída do DVD bônus Live in Roseland que promove o álbum 4, traz o final seco exclusivo do videoclipe, diferente da versão do CD, que encerra com um fade out. Um detalhe simples, mas que dá um charme especial e mantém a energia até o último segundo.
15. Friends Never Say Goodbye (Remix Edit) - Elton John featuring Backstreet Boys
Backstreet Boys com Elton John: o remix que brilhou além da animação:
Em 2000, Elton John, em parceria com Patrick Leonard, Hans Zimmer e Tim Rice, compôs a trilha sonora do filme O Caminho Para El Dorado. Após o lançamento de “Someday Out of the Blue”, veio “Friends Never Say Goodbye”, com arranjos e produção de Patrick Leonard e a participação especial dos Backstreet Boys nos vocais de apoio.
A versão presente no álbum oficial da trilha é diferente daquela que os fãs mais atentos conhecem: uma edição remix rara, lançada em CD single, que abre com uma bela introdução a cappella dos BSB — “say goodbye, never say goodbye...” — ausente na versão original. Foi justamente essa edição que serviu de base para a performance ao vivo no Party in the Park UK 2000, em que o grupo dividiu os vocais com Elton, no gogó mesmo, sem playback.
Como fã dos Backstreet Boys e entusiasta de faixas raras, considero esse registro um dos encontros mais preciosos entre o pop britânico de Elton e o vocal harmonioso dos BSB. Um item de ouro para qualquer discoteca afetiva.
A versão presente no álbum oficial da trilha é diferente daquela que os fãs mais atentos conhecem: uma edição remix rara, lançada em CD single, que abre com uma bela introdução a cappella dos BSB — “say goodbye, never say goodbye...” — ausente na versão original. Foi justamente essa edição que serviu de base para a performance ao vivo no Party in the Park UK 2000, em que o grupo dividiu os vocais com Elton, no gogó mesmo, sem playback.
Como fã dos Backstreet Boys e entusiasta de faixas raras, considero esse registro um dos encontros mais preciosos entre o pop britânico de Elton e o vocal harmonioso dos BSB. Um item de ouro para qualquer discoteca afetiva.
16. Sweet Dreams (Ballad Version) - Melanie Thornton
Melanie em nova frequência: o R&B suave de 'Sweet Dreams':
Melanie Thornton eternizou sua voz nos anos 90 como parte do projeto La Bouche, com sucessos como “Be My Lover” e o icônico “Sweet Dreams”, lançado originalmente em 1994. Após sua trágica morte em um acidente aéreo em 2001, foi lançado em 2003 o álbum póstumo Memories – Her Most Beautiful Ballads, que incluía uma releitura emocionante de “Sweet Dreams” em versão balada R&B.
A produção é assinada por Frank Farian — o mesmo por trás de Boney M e Milli Vanilli — com arranjos delicados de Christoph Seipel e a participação de Roger Dalton na guitarra. A nova roupagem, suave e carregada de sentimento, transforma um clássico das pistas em uma homenagem sensível à potência vocal e à trajetória da cantora.
Para quem conhecia Melanie apenas pelo seu lado dançante, essa versão revela uma dimensão mais íntima e tocante da artista — uma despedida à altura da sua voz inesquecível.
17. One by One (US Version) – Cher featuring Melle Mel
De diva pop a soul queen: a virada R&B de Cher nos EUA:
Nos anos 90, Cher explorou diferentes sonoridades em seus lançamentos internacionais. Enquanto a versão europeia de “One by One” traz produção de Stephen Lipson com guitarra e bateria bem marcadas, os Estados Unidos receberam uma edição exclusiva, com outra cara.
A versão americana aposta numa batida R&B suave, programação eletrônica elegante, e conta ainda com a participação do lendário rapper Melle Mel, além de um coral feminino entoando o refrão com charme: “Oooone, by ooooone...”.
É Cher em sua forma mais sofisticada e radiofônica — e, convenhamos, ficou chique demais.
Nos anos 90, Cher explorou diferentes sonoridades em seus lançamentos internacionais. Enquanto a versão europeia de “One by One” traz produção de Stephen Lipson com guitarra e bateria bem marcadas, os Estados Unidos receberam uma edição exclusiva, com outra cara.
A versão americana aposta numa batida R&B suave, programação eletrônica elegante, e conta ainda com a participação do lendário rapper Melle Mel, além de um coral feminino entoando o refrão com charme: “Oooone, by ooooone...”.
É Cher em sua forma mais sofisticada e radiofônica — e, convenhamos, ficou chique demais.
18. Keep Coming Back (AOR Mix) – Richard Marx featuring Eric Johnson and Luther Vandross
A balada classe A de Richard Marx que ficou restrita às rádios americanas:
A versão original de “Keep Coming Back” está no álbum Rush Street, de 1991. Mas o que pouca gente sabe é que Richard Marx também produziu uma edição especial da faixa voltada para rádios adultas contemporâneas dos Estados Unidos: a AOR Mix (Album Oriented Rock), que suaviza os elementos pop em favor de uma estética mais refinada, feita sob medida para os ouvintes da chamada “soft rock FM”.
Essa edição traz o virtuoso Eric Johnson na guitarra e mantém os vocais de apoio de Luther Vandross, que, embora não creditado no single, brilha na harmonia com elegância. Por isso, aqui ele recebe o devido destaque.
Um tesouro escondido na discografia de Marx — e um deleite para quem gosta de canções adultas com alma e bom gosto.
Para baixar esta seleção em FLAC (Lossless), clique AQUI.
Espetacular! Partabéns!
ResponderExcluirMuito obrigado! E estou querendo elaborar um Volume 2. Será que vem relíquias por ai? rs... Quem sabe!
ExcluirVerdade, verdadeira obra de arte
ExcluirPoxa que feedback bacana! Alegra e aquece o coração, pois divulgo com tanto zelo pro público que tem se achegado cada dia mais.
ExcluirDenis Gazeta, parabéns por tudo que voce ja tem postado na internet. Sempre com muito esmero, qualidade nota 1000.
ExcluirFico aguardando os próximos volumes.
Abraços.
Arnaldo Rodrigues
Arnaldo, entre uma remasterização e outra gosto de pegar fôlego fazendo minhas seleções com aquele tratamento especial.
ExcluirEu me inspiro muito nos meu.amigos Luiz Alberto Gomes (Bugrim) e Humberto Mercado (Saladificador) que estão com blog a mais tempo que eu. A gente na internet se complementa nessa trama virtual tecendo culturalmente o campo digital.
Abração.