A Paradoxx Music iniciou suas operações em 1993, fundada por Nilton Ribeiro e Luiz Domingos Rodrigues, juntamente com Silvio Arnaldo Calligaris (então proprietário da Bullet Records). O Selo alcançou notoriedade rapidamente na década de 90 ao se especializar no lançamento das populares coletâneas de dance music, o que desempenhou um papel crucial na disseminação do ritmo no Brasil.
Sua aliança mais estratégica foi estabelecida com a Rádio Jovem Pan FM. Com a expansão para a rede nacional (Jovem Pan Sat), a rádio passou a dar grande visibilidade ao material entregue pela Paradoxx, que era responsável por licenciar fonogramas de fornecedores internacionais, como a influente gravadora alemã ZYX Music.
Entretanto, as parcerias da Paradoxx Music não se limitaram à Jovem Pan. Emissoras locais de destaque, como a Cidade FM do Rio de Janeiro (com sua série "Só Se For Dance"), a Caiobá FM de Curitiba e a Gazeta FM de São Paulo, também adotaram a estratégia que popularizou a eurodance nas FMs. Nessa dinâmica, o rádio tornou-se o principal indicador para as pistas de dança, pois o dance comercial promovido nas frequências moduladas era rapidamente incorporado pelos DJs. A curadoria das faixas era rigorosa, focada em garantir o sucesso e a aceitação do gênero. Consequentemente, as rádios recebiam os lançamentos da Paradoxx e estabeleciam acordos comerciais para o lançamento de coletâneas oficiais, que levavam os carimbos dos programas e a logomarca da respectiva emissora.
Em 1995, a Paradoxx, em conjunto com a Quarto Mundo e a Nova Multimídia, buscou se consolidar no varejo e desvincular sua imagem da exclusividade de apenas viabilizar discos para rádios. Para tal, foi lançado um produto inovador: o CD Mixed Mode, que unificava CD de Áudio com dados (Data). Disso nasceu o TV Dance, uma coletânea que combinava hits da dance music com um videoclipe interativo. A canção escolhida para o lançamento do novo formato foi "Santa Maria", da cantora e modelo croata-neerlandesa Tatjana, cujo videoclipe possuía apelo sensual. O diferencial tecnológico permitia que o videoclipe fosse assistido ao inserir o CD no drive CD-Rom do computador. Para a reprodução em CD players convencionais, era obrigatório que a audição se iniciasse na faixa 2, a fim de evitar o ruído gerado pela faixa 1, que poderia danificar o aparelho de som. Essa modalidade tecnológica de mídia antecedeu o padrão conhecido como Enhanced CD.
O esforço de lançamento foi acompanhado por uma robusta estratégia de marketing. A Paradoxx Music criou uma campanha publicitária específica, que divulgava a nova modalidade inserindo trechos do videoclipe e informando o público sobre a possibilidade de assisti-lo em computadores. É fundamental notar que essa diferenciação de conteúdo era o grande atrativo do novo formato: quem adquirisse o álbum nas mídias de Fita K7 ou CD tradicional não teria acesso ao videoclipe (exclusivo do formato Mixed Mode) nem às faixas bonus track. O álbum TV Dance trazia duas faixas bônus de gêneros distintos: a dance latina de "El Tiburón" (do grupo Los Locos) e a versão lenta de "La Solitudine" (interpretada por Lara P.). O CD foi massivamente divulgado nas duas maiores emissoras de televisão do país, Globo e SBT, e rapidamente se tornou uma sensação cultural no final de 1995.
Apesar do sucesso estrondoso nos anos 90, a gravadora encerrou suas atividades em 2005, e seu vasto catálogo de títulos foi incorporado pelo Universal Music Group em 2006.
Chegou a hora da parte comentada das faixas deste CD que ainda faz parte da minha coleção:
01. Tenessee – Tell Me: Foi a única do projeto italiano Tenessee que teve single. O projeto tinha como produtores Riccardo Menichetti e Federico Scavo com vocais Giada Masoni, todos compositores da faixa, que aparece também no Resumo da Ópera da Jovem Pan (1995),
02. Tatjana – Santa Maria: Em qualquer CD player é interpretada como faixa 02 do disco, teve tanto a faixa de áudio como de vídeo. A faixa cantada pela Tatjana teve produção de Mike Stock e Matt Aitken, responsáveis pelo início e ascensão de Sonia, Rick Astley, Kylie Minogue e Nicki French.
03. Carlos Oliva & Los Sobrinos – Macarena (4:33): A canção é composição de Antonio Romero e Rafael Ruiz, o duo Los Del Rio, que ganhou versão rumba do cubano Carlos Oliva e Los Sobrinhos Del Juez para seu album Caribbean Dance, lançado exclusivamente no Brasil pela Paradoxx. O single teve lançamento exclusivo na Suécia.
04. Whigfield – Sexy Eyes: O Whigfield nem todos sabem, mas é um projeto, não cantora, formado pelos italianos Davide Riva e Larry Pignagnoli com apresentação de Sanni Carlson como dubladora (que agora é obrigada a cantar), a vocalista fantasma foi há alguns anos identificada e é Annerly Gordon (Ann Lee "2 Times" e Ally & Jo "The Lion Sleeps Tonight"). A faixa aparece nas 7 Melhores da Pan 4 (1995) e no Disco 96 (Som Livre).
05. Minie Mine – Dub I Dub: Lançada para ser um cover da original interpretada das irmãs dinamarquezas Susanne & Pernille Georgi, o Me & My, que consta no Ritmo da Noite 3 (Spotlight Records, 1995). Segundo Rikardo Rocha, especialista em dance music, em seu blog ele desvenda que a canção é produzida pela S.A.I.F.A.M. e o real nome do artista é The Twins, usada pela Paradoxx para ter o nome quase análogo ao original.
06. Andrew Sixty – Diana: O cantor italiano Andrea Alberghi ficou famoso por dar voz ao projeto dos produtores Tutti & Nessuno, que nada mais são que GianLuca Mensi e Max Moroldo, criando versões eurodance para hits da década de 60. A canção esta no CD Hot Nine Seven 2 e O Resumo da Ópera.
07. Playahitty – 1, 2, 3: A canção produzida por Emmanuelle Asti e Fabio Carniel tem vocais de Giovanna Bersolla (Jenny B), que já suscitava burburinhos entre os entusiastas da dance music de ser a vocalista real de Rhythm of the Night que a sra. Olga de Souza (Corona) alega veemente ser a detentora vocal. A faixa aparece nas 7 Melhores Vol. 3 (Jovem Pan).
08. Betty Blue – No More I Love You's: A faixa originalmente gravada The Lover Speaks em 1986, teve regravação de Annie Lennox em 1995 e ganhou versão dançante dos produtores Giuseppe Porati e Marcello Catalano (Redsoul Music Team), com vocais de Beatrice Baccarini. A faixa está presente também nas coletâneas Reggae Now (Som Livre), Esco Reggae (Fieldzz) e O Ritmo das Pistas 6 do DJ Iraí Campos (Fieldzz).
09. East Side Beat Feat. Max – Back For Good: A faixa foi arranjada por Claudio Causin e Roberto Guiotto, mixada por Francesco Vaccari e produzida por Sandy Dian, com vocal de Max Cortina. Devido ao sucesso da canção originalmente gravada por Take That, os produtores criaram uma versão acelerada para as pistas. Ela também aparece no CD As 7 Melhores 4 da Jovem Pan.
10. A.D.A.M. Feat. Amy – Zombie: A versão dance do clássico do Cranberries foi arranjada e programada por Mauro Marcolin e editada pelos membros do Andrea Morando, Angelo De Robertis, Davide Gaddia e Maurinaz do projeto A.D.A.M. e o próprio Marcolin. O vocal é de Melody Castellari (pseudônimo Amy). Também está nos CDs do Resumo da Ópera e As 7 Melhores 4 da Jovem Pan. Por erro de timing de divulgação, o cover eurodance chegou no Brasil antes da original dos Cranberries.
11. Serena – Ridin High: Os hitmakers Stock & Aitken entregaram a sul-africana de Joanesburgo, Miriam Arlene Stockley, a Serena, talvez o maior e único hit de sua carreira. A faixa você encontra no CD As 7 Melhores Vol. 3, lançado meses antes do TV Dance.
12. Taleesa – Burning Up: A cantora italiana Emanuela Gubinelli era realmente uma cantora que se apresentava sem dublar e todos podiam comprovar seu poder vocal ao vivo. Ela começou como vocal participante do projeto Co.Ro. A faixa Burning Up foi composta pela própria cantora, mixada e arranjada por Giordano Trivellato e Giuliano Sachetto e produzida por Giacomo Maiolini e você também encontra nas 7 Melhores Vol. 3 e Resumo da Ópera da Jovem Pan.
13. Los Locos – El Tiburon: O duo Los Locos é formado por Paolo Franchetto e Roberto Boribello com vocais de Willie Ortiz Berdecia e F. Ponte. No entanto, a faixa é composta por Nelson Zapata e John Wilson do grupo Proyeto Uno, que originalmente gravaram a canção, que sem dúvida ficou muito melhor com o Los Locos. A faixa está presente nas 7 Melhores 4 da Jovem Pan.
14. Lara P. – La Solitudine (Versão Lenta): Na verdade não há versão dance de La Solitudine, mas uma versão dance de La Soledad. Pesquisando páginas, encontrei no blog do Rikardo Rocha a informação de que o cover de Laura Pausini é interpretado pela italiana Milena K. e a faixa foi produzida sela companhia fonográfica S.A.I.F.A.M. O pseudônimo foi usado pela Paradoxx para ter o nome quase análogo ao original Laura Pausini.
Nota de Memória Afetiva: Esse CD foi a minha primeira opção de presente no Natal de 1995. Eu estava muito a fim de músicas que estavam em várias coletâneas e queria ouvir La Solitudine mesmo que na versão cover. Lembro que nas férias de Janeiro, gravei uma fitinha e coloquei músicas do Planet Hits, TV Dance, Mariah Carey e Ritmo da Noite 3, CDs que eu adquiri entre o Natal e o Ano Novo, ficou uma fita tão da hora! Era tão bom escolher o que caberia nesses 90 minutos em uma hora e meia de viagem. Hoje nem existe mais isso! Só sei que o CD TV Dance fez parte da minha vida e a de muitos brasileiros!
Para baixar esta coletânea em FLAC, cliquei AQUI.

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