terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Planet Dance (1998)

 

A coletânea Planet Dance (1998) surge como um spin-off direto da bem-sucedida franquia Planet Hits. Mantendo a joint-venture entre a PolyGram e a EMI Music, esta nova compilação direciona o foco da série do Pop geral para o Dance Music que dominava as pistas de dança da época. O resultado é um repertório onde o grande destaque são as versões de sucesso, retrabalhadas para dançar e editadas para tocar nas rádios, garantindo que o álbum fosse a trilha sonora perfeita para as festas de 1998. No entanto, cabe ressaltar que as músicas em sua maioria vêm de 1996 e 1997, o que sugere um certo atraso no lançamento da coletânea em relação aos singles originais, como veremos a seguir.

01. Spice Girls - Say You'll Be There: O segundo single do álbum Spice (1996) abre a coletânea, em um estilo R&B-Pop. Esta foi uma escolha estratégica inteligente, pois as garotas apimentadas estavam no auge. A faixa funciona como uma ponte essencial entre o Pop de grande apelo e o Dance eletrônico que domina o restante da compilação.

02. Hanson - Mmm Bop (Dust Brothers Mix): O grande hit de 1997 é o primeiro exemplo de Pop convertido em faixa de pista na coletânea. Os Dust Brothers foram convocados para dar uma batida mais robusta, mantendo a melodia chiclete e adicionando beats característicos do Big Beat. Contudo, o resultado é decepcionante. O remix apenas torna a faixa mais estendida e com punch nas batidas, falhando em criar um novo momento dançante. Ao invés de um hino de pista, a versão se torna chatíssima, oferecendo "mais do mesmo" sem a justificativa de inclusão em uma coletânea focada em Dance Music.

03. Lighthouse Family - Loving Every Minute (Cutfather & Joe Remix): O Lighthouse Family, que surgiu em 1995 com o expressivo álbum "Ocean Drive", trouxe uma proposta Smooth Soul e Pop relaxante e altamente sofisticada. O single "Loving Every Minute" ganhou uma versão remix dos produtores Cutfather & Joe que transformou a original chillout em um beat Downtempo. Essa versão, por sua vez, foi amplamente utilizada no contexto nacional, sendo incluída na trilha sonora da novela Zazá, na coletânea Ritmo da Noite 6 e como faixa bônus da edição deluxe brasileira que a PolyGram lançou em 1997. A popularidade atesta sua relevância, sendo amplamente utilizada por DJs para abertura de festas.

04. Jon Secada - Forever (Hitmakers Dance Version): Após o sucesso de "Believe" em Planet Hits 4, Secada retorna com outra faixa do álbum Secada (1997). Enquanto a versão original é uma balada pop clássica, o álbum traz explicitamente uma versão Dance produzida pelo projeto brasileiro The Hitmakers, formado pelos produtores arranjadores Fabio Tabach e Rodrigo Kuster, com co-produção de Rodrigo Ferraz. A faixa, que era bonus track na edição brasileira do álbum de Jon Secada (Virgin/EMI), tocou consideravelmente em algumas rádios que buscavam um andamento melhor do single, evitando baladas que quebrassem o ritmo da programação. No entanto, apesar do esforço e da relevância radiofônica, a canção não funciona bem na pista de dança, reforçando a dificuldade do álbum em converter baladas Pop em hits Dance de fato.

05. Cardigans - Lovefool (Tee's Radio Mix): A faixa de 1996, já um sucesso pelo filme Romeu + Julieta, é apresentada no remix do lendário Todd Terry (apelidado de "Tee"). O Tee's Radio Mix tira o disco-pop sutil da versão original e o transforma em um House direto e vibrante, ideal para o auge da pista de dança. É uma inclusão estratégica que garante a presença de um hit gigantesco, mas com uma roupagem de House moderna.

06. Meredith Brooks - Bitch (Todd Terry's Mix): O hit de 1997 da cantora Pop/Rock ganhou o tratamento de Todd Terry mais uma vez. O remix de Terry é conhecido por manter a atitude rebelde e os riffs de guitarra, mas adiciona beats fortes e loops de House, transformando o hino feminista Pop/Rock em uma faixa Dance Rock com apelo de pista. É uma das canções que melhor ilustra a ideia da coletânea de fazer o crossover entre gêneros.

07. Brand New Heavies - You've Got a Friend (Radio Version): A banda de Acid Jazz/Funk participa da coletânea com uma releitura do clássico de Carole King. Não é um remix, mas sim a versão de rádio (21 segundos mais curta que a original) lançada como single em 1997, sem integrar nenhum álbum do grupo. A proposta autêntica de R&B/Soul quebra o ritmo House/Dance da coletânea de forma proposital, atuando como um ponto de respiro sofisticado que, estrategicamente, prepara o ouvinte para a canção seguinte.

09. Chumbawamba - Tubthumping: Esta é uma das poucas faixas a aparecer em sua forma original, pois seu ritmo Dance-Pop/Alternative já era intrinsecamente dançante. Lançado no álbum Tubthumper (1997), o hit da banda inglesa (ativa desde 1982) é um hino cativante e perfeito para o clima de festa, com seu refrão inesquecível ("I get knocked down, but I get up again..."). A crítica, no entanto, recai sobre a curadoria: o uso da versão completa quebra a fluidez e o andamento da sequência, sem partir diretamente para a entrada imediata do refrão — o "We'll be singin', When we're winnin'..." — conhecida por muitos. A escolha de uma versão album em vez de uma edição de rádio focada na pista, compromete a energia e a experiência imediata do ouvinte.

10. Bob Marley - Fallin In & Out of Love (Alex Natale House Mix): Esta é uma inclusão curiosa e tipicamente de coletânea. Trata-se de uma faixa mais antiga de Bob Marley (de 1978, com The Wailers) que recebeu um tratamento House pesado pelo DJ italiano Alex Natale. É um exemplo de como produtores dance da época reviviam clássicos do Reggae ou do Pop com beats contemporâneos, capitalizando sobre o legado de Marley para as pistas.

11. Dr. Alban - Mr. DJ (Tokapi - Sash Mix): Um dos pilares do Euro-Dance está presente com uma faixa de seu álbum de 1997, Believe. A versão é um remix de Sash! (o DJ por trás de "Encore Une Fois" e "Ecuador"), o que garante uma qualidade de produção de Progressive House melódico e com a assinatura de Dance europeu que dominava o Brasil no final dos anos 90.

12. ADM - Won't You Play (Mr. DJ) (International Radio Edit): O ADM foi um trio Pop francês formado por Cathy Latif, Myriam Bessioud e Nadia Bouacha. A faixa pertence ao álbum homônimo do trio, lançado em 1997, mas o single não reuniu atenção suficiente para que o álbum ganhasse lançamento global. A canção, apesar de uma sugestão da curadoria, soa dispersiva. Embora não funcione no contexto da pista, ela é boa para se ouvir sozinho, como proposta de distração, e pode ser curtida sem a necessidade de pular a faixa. Mas fura a bolha contextual do projeto, sem dúvida!

12. Alexia - Uh La La La (Celular Mix): Alexia, uma das maiores estrelas do Eurodance, apresenta um hit pronto para as pistas. A canção é de autoria dela com Roberto Zanetti (Robyx), que também é vocalista do projeto Savage. Lançada no álbum de estreia Fun Club (1997), a faixa original já era Dancehall. Contudo, o álbum apresenta o "Celular Mix", um remix energético de Francesco Alberti. Esta versão funciona de maneira eficaz nas pistas, cumprindo a promessa Dance da coletânea e oferecendo um uptempo de alta qualidade,

13. All Saints - I Know Where It´s At (Cutfather & Joe's Alternative Radio Mix): O quarteto feminino (direto rival das Spice Girls), formado por Melanie Blatt, Natalie Appleton, Nicole Appleton e Shaznay Lewis, é representado por esta faixa. A colaboração é, na verdade, uma edição de rádio que enaltece os produtores Cutfather & Joe (que também produziram a versão original), e não um remix radical. A canção é realmente muito boa e aparece no timing exato do lançamento do álbum homônimo das artistas. Embora seja considerada a única faixa boa e relevante delas a ser incluída na coletânea, sua presença é um acerto e oferece um Pop/R&B de alta qualidade.

14. Thalia - Piel Morena (Hitmakers Remix): Esta faixa enfatiza a influência brasileira no álbum. O projeto nacional The Hitmakers cria uma batida Pop exclusiva para as pistas de dança daqui. A canção só atinge seu potencial de pista por conta desta batida e pela inclusão enfática do sample "Ai Caramba" no início da música. Esta gravação substitui a versão cumbia ranchera original, sendo a mesma que Thalia utilizou para se divulgar nos programas de auditório do SBT, reforçando a importância da artista, que era referenciada pelas novelas importadas. O remix, embora tenha sido incluído apenas no álbum Por Amor com lançamento local na França, é a versão que legitima Thalia no contexto Dance brasileiro da época.

Nota de colecionador: Este CD encontrei por acaso há uns anos, na época do lançamento nem fazia idéia da existência até ver ele postado em um grupo do Facebook. Quando achei ele, peguei pra mim. Apesar de alguns poucos equívocos, eu gosto muito e cumpre a função de continuidade do Planet Hits. Recomendo!

Aliás, para baixar este CD em FLAC, clique AQUI.

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