quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

Beto Mi - Beto Mi (1983)


Beto Mi (1983): A Lapidação do "Rei da Afinação" na RCA Victor

O ano de 1983 marcou a chegada definitiva de Humberto Miranda Neto, o Beto Mi, ao primeiro escalão da fonografia brasileira. Recém-saído da vitória no Festival de Ubá, o artista de Guaratinguetá entregou à RCA Victor um álbum de estreia que não apenas vendeu as impressionantes 100 mil cópias, mas estabeleceu um padrão de qualidade raramente visto em discos de estreia.

A Engenharia do Som e a Elite dos Músicos: Ao analisarmos a ficha técnica presente na contracapa, compreendemos por que Durval Ferreira o apelidou de "Rei da Afinação". A produção, assinada pelo próprio Durval Ferreira com coordenação artística de Paulo R. Fedato, cercou Beto Mi de um verdadeiro "dream team" instrumental.

A cozinha rítmica trazia o mestre Milton Banana e a percussão de Rubens de Souza, garantindo o balanço preciso para as interpretações de Beto. O disco ainda contou com o sopro elegante do saxofonista argentino Hector Costita e o bandoneon de Ubirajara, elementos que conferiram ao álbum uma sonoridade cosmopolita, transitando entre o regionalismo e o jazz. Os arranjos e regências ficaram a cargo de Helio Santisteban, que soube traduzir a versatilidade da voz de Beto em molduras sonoras sofisticadas.

Destaques do Repertório: O Lado A abre com a mística de "Anjo da Guarda", seguida pelo balanço contagiante de "Ói u Trem" (parceria com o gênio italiano Lúcio Dalla). O disco também presta tributo à MPB clássica com a interpretação de "O Poeta", de Geraldo Vandré. No Lado B, a crítica e o público foram apresentados a "Pra Dizer que não Falei do Verso", uma composição de Hélio Matheus que se tornou um dos grandes cartões de visita de Beto.

Um Legado de Sensibilidade: Além do rigor técnico, o disco transpira espiritualidade e gratidão. Na contracapa, Beto dedica o trabalho ao irmão Lucas e deixa uma mensagem que resume sua visão artística: "Vivamos entrincheirados na obscuridade da vida", buscando, através da música, a "sagacidade do espírito".

Este álbum não foi apenas um sucesso comercial; foi o cartão de visitas de um artista que, anos mais tarde, viria a conquistar o Prêmio Sharp e se consolidar como um gestor cultural fundamental para o Vale do Paraíba. Reouvir Beto Mi em 1983 é resgatar a essência de uma MPB bem cuidada, onde a técnica impecável nunca sufocou a emoção genuína.

A Remasterização de 2025: Em uma importante iniciativa de preservação da obra de Beto Mi, o álbum homônimo de 1983 passou por um processo de resgate técnico. Com início na ripagem direta do LP original com agulha Shure M44-7 e toca-discos Numark TTUSB, realizada em maio de 2023 por Nell Lobo (que tem o LP em sua coleção de discos), o material foi submetido a uma remasterização em 30/12/2025.. O processo seguiu um fluxo de tratamento de áudio: iniciou-se com o Pinnacle Clean para a limpeza inicial, seguido pelo tratamento com Izotope RX7 e Ozone 11 (brilho de bateria) e finalizado com a precisão do MVSep DeNoise (Modo Standard). O resultado é uma qualidade sonora que garante o brilho original do LP desta grande obra da MPB!

Faixas: 
01. Anjo da Guarda
02. Ói U Trem
03. O Ano que Virá
04. Companheiro
05. O Poeta (Vandré)
06. Apocalipse
07. Pra Dizer que Não Falei do Verso
08. O Canto do Curupira
09. Luzes de Extermínio
10. Coração do Mundo.

Para baixar este album em FLAC, clique AQUI.

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