terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Chitãozinho & Xororó - A Mais Jovem Dupla do Brasil (1972)




O Despertar de uma Dinastia: Chitãozinho & Xororó e a Fusão Sertaneja-Iê-Iê-Iê (1972)

Existem momentos na história da música que parecem predestinados, e o álbum "A Mais Jovem Dupla do Brasil" é o marco zero de uma revolução. Lançado originalmente em 1972 pela Sinter/Phonogram, este disco não é apenas um item de colecionador, mas o documento de uma virada improvável que mudaria o curso da música popular brasileira.

A Vanguarda de Jovens Prodígios

Para entender este registro, é preciso olhar para a juventude por trás do microfone. Chitãozinho (José Lima Sobrinho) tinha apenas 18 anos e o seu irmão, o adolescente Xororó (Durval de Lima), tinha apenas 15 anos. Eles vinham de um momento amargo: após dois álbuns pela Copacabana que não atingiram o sucesso esperado, a gravadora cancelou o contrato por acreditar que a dupla não teria futuro. Mal sabiam que a Sinter, ao acolhê-los na Estrada das Furnas, estava registrando o nascimento de gigantes que o mercado, anos depois, teria que recontratar a peso de ouro.

Soma-se a esse fenômeno a presença de Marciano (José Marciano). Nascido em 1951, o futuro "Inimitável" era também um jovem de apenas 21 anos que já atuava como o arquiteto lírico fundamental da dupla, assinando joias como "Não é Papel de Gente", "Filha de Jesus" e "Menina Sorriso".

O Sertanejo Encontra o Iê-Iê-Iê

O grande trunfo deste álbum é a sua coragem estética. Em uma época em que o gênero era visto como algo estático e restrito ao interior, esses jovens trouxeram a influência vibrante da Jovem Guarda para dentro do estúdio.

O repertório é uma mescla audaciosa: de um lado, a tradição de mestres como Geraldo Meirelles e Goiá; de outro, o balanço do Iê-Iê-Iê que dominava as rádios. Essa fusão é nítida na bateria marcada, nos arranjos e na interpretação enérgica de faixas como "Vai Caindo uma Lágrima" e "O Nosso Dia Também Chegará". Eles provaram que o sertanejo podia ser jovem, elétrico e moderno, pavimentando o caminho para tudo o que o gênero se tornaria nas décadas seguintes.

Restauração Técnica: A Verdade do Som no Gazeta do Som

Este projeto é um resgate rigoroso contra o tempo e o desgaste físico dos materiais originais. Partindo da extração do LP feita por Valter Jesus, o áudio recebeu um tratamento especializado para brilhar novamente:

  • Processamento: Limpeza de cliques, hiss e restauração de dinâmica via iZotope RX7 e Ozone 11.

  • Refino Final: Aplicação de camada de MVSep DeNoise, garantindo a remoção de impurezas residuais sem afetar o "calor" e o brilho das vozes originais gravadas na Phonogram.

(Texto escrito pelo Gemini com a minha supervisão, revisão e pesquisa).

Nota de valor afetivo: Como fã da dupla, fiquei curioso em ouvir o trabalho, considerado oficialmente o primeiro. Este disco prova que o talento verdadeiro não aceita o "não" como resposta. O brilho de um Xororó adolescente e a segurança de um Chitãozinho jovem (que também faz alguns solos aqui), transformaram a descrença de uma gravadora em oportunidade para reinvenção do sertanejo. Aqui na Gazeta do Som, tenho a honra de preservar cada nota dessa história.

Faixas:
01. Vai Caindo Uma Lágrima (E. Franco - C. Valdez - Momy / vs: Sebastião Ferreira da Silva)
02. Nostalgia Cabocla (Geraldo Meirelles)
03. Não É Papel de Gente (Marciano - Geraldo Meirelles)
04. Fiquei à Cantar (Geraldo Meirelles - Joaquim Fagundes)
05. Quero Lhe Dizer Adeus (Dorinho - Meirinho)
06. O Nosso Dia Também Chegará (Altimar)
07. Filha de Jesus (Marciano)
08. Menina Sorriso (Marciano - Geraldo Meirelles)
09. Ser Ciumento (Jair Gonçalves)
10. A Seca (Serrinha - Ado Benatti - Campos Negreiro)
11. Belezas do Araguaia (Zacharias Mourão - Celinho)
12. Casinha de Praia (Goiá)

Para baixar este album em FLAC, clique AQUI.

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