
Depois de deixar a meta em aberto no Volume 7, acabei reencontrando a arte do Volume 8 salva no meu HD externo — junto com as canções que já estavam sendo preparadas, fruto de um garimpo de arquivos FLAC que fiz durante a pandemia. O tempo passou e consegui publicar esse material, sem precisar de tanta espera. O mais bacana é que as ideias de continuidade já estavam fervilhando na cabeça. Afinal, de 2013 pra cá já se passaram 11 anos, e muita coisa boa surgiu em versões desplugadas — material que merece passar pela peneira da Gazeta do Som, ser masterizado com carinho e entregue em coletânea da melhor forma possível!
Até que enfim encontrei a versão acústica de "Heaven", da banda Live — só violão e voz de Ed Kowalczyk. Ela faz parte de uma coletânea chamada The Complete B-Sides & Rarities Collection, que foi disponibilizada em 2013 pelo Ridley Bradout, da fan base oficial da banda. Justamente o ano em que eu comecei a fazer uma batelada de volumes desta série. Até então, entre 2013 e 2014, nunca tinha conseguido encontrar esse material.
Mas ele apareceu — graças ao amigo Paulo 'Azulay' da Silva (Facebook), que me ajudou a cruzar essa ponte. E vou te dizer por que foi tão difícil: a banda se chama Live, e a música se chama Heaven. Resultado? Toda vez que eu buscava por “Heaven Acoustic Live”, só apareciam gravações ao vivo (porque live também é “ao vivo”) ou então versões do Bryan Adams. Uma confusão algorítmica clássica.
O fato é que Live é uma banda de rock alternativo norte-americana que surgiu nos anos 80, teve hits rodando o mundo inteiro e, no Brasil, ficou marcada por aparecer nas propagandas dos cigarros Hollywood. Heaven é a faixa principal do disco Birds of Prey (2003), e essa versão acústica apareceu apenas num single raro.
22 anos depois, ela tá aqui. E, pra mim, isso vale ouro e tem que abrir a coletânea!
Seguindo minhas andanças de garimpo virtual, encontrei com um usuário do Soulseek um bootleg de vários volumes chamado Live in Studio – The Acoustic Collection. Por sorte, caiu como uma luva essa versão quase stripped de “Another Day in Paradise”, do especial MTV Unplugged — provavelmente lançada como single em algum mercado local.
Até hoje aguardo a publicação oficial desse acústico, que revela a magnitude vocal de Phil Collins. Aos 74 anos, ele enfrenta muitos problemas de saúde, o que é uma pena para um artista que se doou tanto para fazer outras pessoas felizes. Hoje, limitado para andar, movimentar-se, tocar e cantar — que é o que mais ama — Collins segue sendo uma lenda que merece nosso respeito e admiração.
Sobre Dido, vale lembrar que ela ganhou destaque mundial após ser sampleada na canção “Stan”, do Eminem — um feat que alavancou sua carreira e apresentou sua voz singela para o grande público. A versão de “Thank You” que escolhi provavelmente é uma extração das AOL Live Sessions, embora não esteja explicitamente indicada. De qualquer forma, essa versão ao vivo, voz e violão, é simplesmente linda!
Rick Astley lançou a coletânea The Best Of Me em 2019, celebrando 32 anos de carreira (hoje são 38 anos de estrada). Nesse trabalho, ele reuniu os maiores destaques da sua trajetória, incluindo versões acústicas reimaginadas de alguns de seus sucessos.
Quando começou, Rick enfrentou certa resistência da crítica, talvez pelo estilo pop acessível e dançante das suas músicas. No entanto, com o passar dos anos, ele provou seu talento, tornando-se um dos cantores mais respeitados do Reino Unido. Um ótimo exemplo de maturidade artística está na versão acústica de "She Wants To Dance With Me", que transforma o hit animado das pistas numa balada perfeita para namorar — mostrando seu amadurecimento artístico e versatilidade.
Já KT Tunstall estourou com “Other Side of the World”, tema que apareceu na série Smallville, mas foi com “Suddenly I See” que conquistou uma nova geração, pois a música foi trilha sonora do filme O Diabo Veste Prada — um sucesso garantido! Nesta coletânea, a canção aparece em versão acústica de estúdio, destacando a bela voz de KT.
Preciso destacar a versão acústica ao vivo de “Never Tear Us Apart”, do INXS. Não é a versão curta de 2:31 presente nos singles Searching (Reino Unido, 1997) e Don't Lose Your Head (Japão, 1997) — esta última praticamente impossível de encontrar em boa qualidade. A que trago aqui, com duração de 2:54, faz parte da série Live In Studio – The Acoustic Collection e aparentemente foi gravada num programa acústico de rádio em Toronto, Canadá.
Essa versão é um dos momentos mais belos de Michael Hutchence, revelando sua voz e emoção de forma crua e intensa. Ela antecede os últimos anos de sua vida — Hutchence nos deixou em 1997, após uma difícil batalha contra a depressão. Um registro que emociona e nos faz lembrar do talento imenso que ele foi.
A versão de "Don't Speak Alternate Version)" é do single oficial da banda de rock alternativo No Doubt, mas a master original tinha uma impressão de rotação caída, o que fazia a voz da Gwen soar mais grave e fora do tom que ela normalmente alcança — parecia um erro de registro na masterização. Para corrigir isso, elevei o pitch, restaurando a tonalidade natural da voz e deixando a faixa mais profissional e agradável ao ouvido. Porém, não deixei exatamente no tom versão de estúdio, justamente para preservar a fidelidade ao registro ao vivo da Gwen, evitando aquele efeito “versão de carrinho de churros”. Assim, apresentei uma versão alternativa palatável, que respeita o timbre original dela e mantém a autenticidade da performance.
Em 2016, FINALMENTE a banda UB40 gravou um acústico em estúdio, reunindo Ali Campbell, Terence "Astro" Wilson (que infelizmente faleceu em 2021) e Mickey Virtue para essa celebração. O álbum Unplugged saiu junto com um Greatest Hits, e para mim, que fiquei anos sem retomar o Acoustic Project, a faixa "Red Red Wine" foi como um presente inesperado e muito especial!
Em 2003, o grupo The Bangles se reuniu para gravar o álbum Doll Revolution. A versão acústica de "Eternal Flame" que entra nesta coletânea saiu do single Something That You Said, que promovia esse retorno. A exuberância vocal de Susanna Hoffs brilha, com os backing vocals afinadíssimos de Debbi Peterson, Vicki Peterson e Annette Zilinskas — tudo acompanhado por um violão suave e bem posicionado. Uma delicadeza que emociona!
Precisamos falar dessa versão acústica emocionante de "(I've Had) The Time of My Life" — vencedora do Oscar de Melhor Canção em 1987 — interpretada por ninguém menos que Bill Medley, a lenda viva do Righteous Brothers, ao lado de sua filha, McKenna Medley. A performance aconteceu em 2020, no programa Larry's Country Diner, exibido pela Country Road TV, e está disponível no canal da emissora no YouTube. Medley, com impressionantes 79 anos na época (atualmente com 84), prova que voz e emoção não envelhecem. Curiosidade: a faixa está escondida nas plataformas digitais, creditada como “Country's Family Reunion” no campo de intérprete, sob o selo Country Road Management. Um verdadeiro tesouro escondido — raro, tocante e feito sob medida pra quem nunca esqueceu da trilha de Dirty Dancing.
Vamos falar dessa versão (quase) acústica de "Starman", gravada especialmente para a apresentação de David Bowie no Top of the Pops. A gravação foi oficialmente liberada nas plataformas digitais pela Parlophone em junho de 2022, como parte das comemorações do legado do artista. O resultado é um reboot delicioso do clássico, agora com um som estéreo limpo, que renova sem descaracterizar. Mais que uma nova mixagem, essa versão soa como um refresco sonoro — um tributo delicado e poderoso à genialidade de Bowie, que nos deixou em 2016 após uma silenciosa e corajosa luta contra o câncer.
Também precisamos destacar os escoceses do Simple Minds, que em 2016 lançaram enfim um álbum acústico — algo que já devia ter acontecido há tempos, considerando a beleza melódica e emocional do repertório da banda. O disco Acoustic trouxe uma formação mais inclusiva, com a entrada de duas grandes artistas: Cherisse Osei na bateria (um show de presença e precisão) e Sarah Brown nos vocais de apoio, que rouba a cena em várias faixas. Em “Alive and Kicking”, ela divide os vocais com Jim Kerr numa performance eletrizante, que transforma a faixa em uma celebração viva — da música, da diversidade e da força atemporal do grupo.
Uma joia inesperada — e deliciosa — é a versão de “All About That Bass (Live from Spotify London)”, incluída na edição de luxo comemorativa de 10 anos do álbum Title (2015), de Meghan Trainor. A gravação revela uma faceta visceral da cantora, que sempre se destacou por unir elementos retrô dos anos 60 com uma pegada pop contemporânea. Meghan, que nunca se encaixou no padrão estético dominante de sua geração, conquistou um público mais tímido em números, mas extremamente fiel e exigente em qualidade. E aqui ela entrega tudo ao vivo: afinação, presença, groove e autenticidade. Quem conhece, sabe — e quem descobre, entende por quê ela é tão boa no que faz.
A versão acústica de “Freed From Desire” é uma daquelas surpresas que a vida reserva — e que o Acoustic Project adora resgatar. A italiana Gala Rizzatto, que estourou mundialmente em 1996 com essa faixa na cena eurodance, viu sua criação ganhar nova força vinte anos depois, em 2016, quando uma versão paródica feita por um torcedor do Wigan Athletic viralizou nas arquibancadas da Eurocopa. O impacto foi tão grande que a música voltou às paradas europeias e acabou sendo escolhida para embalar o filme francês Um Amor à Altura naquele mesmo ano, numa releitura acústica suave, delicada, e cheia de significado. A reviravolta foi completa: em 2025, a FIFA adotou o famoso “na-na-na-na” da canção como mote sonoro nas vinhetas oficiais da Copa do Mundo de Clubes. Um giro de 180° para Gala, que por muito tempo não viu um centavo sequer da própria criação, por conta de um contrato abusivo assinado com o produtor Max Moroldo. Hoje, com justiça, sua voz e sua história estão novamente no centro do palco — e no coração de novas gerações.
Sobre o Housemartins, confesso que não sabia que essa faixa foi extraída de uma sessão acústica gravada pela BBC no ano do álbum The People Who Grinned Themselves To Death. Foi uma grata surpresa resgatar essa pérola aqui para o projeto.
Apesar de sentir falta dos backing vocals que acompanham a letra — o icônico “Bu-Bu-Bu-Bu-Build” ficou um pouco avulso nessa versão — o resultado é uma delicinha para curtir com calma, um momento íntimo e despretensioso da banda que vale o play.
Marcella Detroit, uma das vozes marcantes do grupo Shakespeare’s Sister, hoje com 73 anos, teve em 2024 o relançamento digital do seu álbum Jewel, celebrando os 30 anos do disco que a consagrou solo. Lançado originalmente em 1994, o álbum contou com participações de peso como Elton John e rendeu à cantora seu maior sucesso: "I Believe" que atingiu o 11º lugar nas paradas britânicas e o 10º na Austrália — e segue sendo um clássico das ondas da Antena 1 FM.
Apesar de ter sido esquecida pela grande mídia por um bom tempo, foi justamente no streaming que encontramos essa versão acústica redescoberta de I Believe — que reforça toda a potência, precisão e entrega emocional que Marcella sempre teve. Uma joia lapidada pela própria história, resgatada no momento certo.
Confesso: foi com lágrimas nos olhos que selecionei Dreams, o maior dos hinos do The Cranberries, para este volume do Acoustic Project. A faixa integra o álbum Something Else, lançado em 2017, que revisitava — com arranjos de cordas e nova delicadeza — os grandes momentos da banda irlandesa. Gravado com a Irish Chamber Orchestra, o disco reuniu 10 sucessos e três canções inéditas, em versões acústicas feitas em estúdio.
Mais coeso e emocionalmente resolvido do que o MTV Unplugged dos anos 90, Something Else acabou se tornando o último registro do grupo. Dolores O’Riordan nos deixaria em 2018, aos 46 anos, após uma batalha silenciosa contra a depressão. Este registro é, por isso, mais que um relançamento: é um adeus digno da voz e da alma que marcaram toda uma geração.
O duo britânico Hurts, formado por Theo Hutchcraft e Adam Anderson, surgiu como uma promessa do synthpop moderno, ganhando destaque em 2009 no Band of the Day do jornal The Guardian e figurando no 4º lugar da prestigiada lista Sound of 2010 da BBC. Não à toa: a sonoridade sombria, elegante e melancólica do grupo os colocou em um patamar à parte. E Wonderful Life é a prova disso.
Lançada originalmente como single em 2010, a canção ganhou uma releitura acústica arrebatadora em 2017, numa Deluxe Music Session. A versão despida de sintetizadores expõe a crueza da letra e a interpretação visceral de Hutchcraft, reafirmando algo que já se intuía na original: essa música não precisa de ornamentos para tocar fundo. Ela é, por si só, um soco emocional.
Em 2024, Ed Sheeran lançou o álbum +–=÷× (Tour Collection: Live), reunindo registros ao vivo que celebram não só sua discografia, mas principalmente sua essência como performer. “Eyes Closed”, uma das joias do álbum – (Subtract), foi escolhida aqui justamente pela versão ao vivo — intensa, vulnerável, e absolutamente fiel à proposta do cantor britânico. A performance, baseada em sua característica loop session, constrói camadas sonoras com a própria voz e violão, em tempo real, sem banda de apoio.
Esse formato, que já virou marca registrada de Ed, é tratado por alguns críticos como truque de ilusionismo pop, mas para quem o acompanha, é um espetáculo de inventividade. “Eyes Closed” foi escrita como uma homenagem a um amigo que faleceu — e é essa dor, vestida de beleza e simplicidade, que toma conta do palco. O que para os medíocres soa como farsa, para quem sente de verdade, é tiro na lua. E Sheeran acerta em cheio.
E pra encerrar essa seleção com um sorriso — daqueles que dizem tudo sem dizer nada — “Die with a Smile” é a canção mais leve e encantadora do volume. A inesperada união entre Bruno Mars e Lady Gaga parecia improvável, mas veio no momento certo. Ele, voltando com força total após o sucesso do Silk Sonic. Ela, em plena maturidade artística, tendo emocionado o mundo com “Hold My Hand” em Top Gun: Maverick (2022), canção que quase lhe rendeu seu segundo Oscar. Gaga estava mais do que viva — estava em seu auge emocional e criativo.
Lançada de forma avulsa nos meses que antecederam os Jogos Olímpicos de 2024, a faixa rapidamente se tornou um hino pop. Mas foi a versão acústica, apresentada no final de outubro, que tocou mais fundo. Com um arranjo íntimo, sem pirotecnia, a performance revelou o quanto os dois artistas sabem brilhar até na sutileza. A química entre os vocais de Gaga e Mars é tão natural quanto rara. Resultado? Grammy de Melhor Performance de Duo/Grupo Pop em 2025. E o coração de quem ouviu.
“Die with a Smile” encerra essa jornada musical como quem segura a mão de quem a gente ama e diz: “tudo valeu a pena”.
Faixas:
01. Heaven - Live
02. Another Day in Paradise (MTV Unplugged) - Phil Collins
03. Thank You (Live) - Dido
04. She Wants to Dance with Me (Reimagined) - Rick Astley
05. Suddenly I See - KT Tunstall
06. Never Tear Us Apart (Live) - INXS
07. Don't Speak (Alternate Version) - No Doubt
08. Red Red Wine - UB40
09. Eternal Flame - The Bangles
10. The Time of My Life (Live on Larry's Country Diner) - Bill & McKenna Medley
11. Starman (Top Of The Pops Version) - David Bowie
12. Alive and Kicking - Simple Minds
13. All about that Bass (Live from Spotify London) - Meghan Trainor
14. Freed from Desire - Gala
15. Build (Live at the BBC) - The Housemartins
16. I Believe - Marcella Detroit
17. Dreams - The Cranberries
18. Wonderful Life - Hurts
19. Eyes Closed (Live) - Ed Sheeran
20. Die with a Smile - Bruno Mars & Lady Gaga
Depois de toda essa passada histórica pelas faixas, eis o link para download!
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