segunda-feira, 30 de junho de 2025

Disco do Povo (1982)


Lançada em 1982 nos formatos LP e K7, a coletânea Disco do Povo foi produzida pelo selo Soma / Som Livre — gravadora pertencente ao Sistema Globo de Gravações Audiovisuais (SIGLA) — e reuniu 14 faixas de forte apelo popular, refletindo o cenário musical do início da década de 1980.

Na época, o SBT surgia como uma nova força na televisão brasileira, apostando em formatos ousados e populares, como o bem-sucedido O Povo na TV, que misturava jornalismo policial, espaço para reivindicações do povo e apresentadores irreverentes em sistema de rodízio. O programa logo ganhou uma trilha própria, lançada pela Copacabana Discos sob o título Os Sucessos de "O Povo na TV".

De olho no sucesso e buscando rivalizar com a proposta do SBT, a Som Livre — braço fonográfico do Grupo Globo — lançou O Disco do Povo, uma coletânea com artistas populares e canções que representavam o gosto da audiência da época, num movimento estratégico tanto musical quanto midiático. A seleção trazia faixas de vários selos fonográficos, mas, curiosamente, nenhuma da Copacabana Discos, mesmo com sua forte presença naquele contexto. A supervisão musical ficou a cargo de Sérgio Motta.

O LP foi todo remasterizado com uso de agulha Shure M44-G.

Este disco é uma daquelas preciosas "oportunidades de redescoberta", garimpado durante uma das minhas visitas à loja Sebo Romana, em Sumaré/SP
A loja está localizada na Rua Antônio Jorge Chebab, 1183 – Centro, Sumaré/SP, CEP 13170-005.
Contato via WhatsApp: (19) 99799-4511.

Faixas:
01. Praia e Sol – Bebeto
02. A Rua em que Você Morava – Gilberto Lemos
03. Ah! Esse Amor – Kátia
04. Fuscão Preto – João Alves
05. Amar é Viver – Altieris Barbiero
06. Criança Abandonada – Monalisa
07. La Chica – Harmony Cats
08. Carta Sobre a Mesa – Amado Batista
09. Filho Adotivo – Sérgio Reis
10. A Despedida – João Viola
11. A Banda Chegou – Roberto Leal
12. O Sequestro – Geraldo Nunes
13. O Travesseiro – Márcio Greyck
14. Mona Lisa – Serginho Meriti

Para baixar a coletânea em FLAC (Lossless), clique AQUI.

Viva A Noite (1990)

Após uma breve e conturbada passagem pela Globo em 1987, quando foi contratado para disputar a audiência de Silvio Santos, Gugu retornou ao SBT em 1988 antes mesmo de estrear seu novo programa na emissora carioca. Com a volta, o Viva a Noite ganhou um novo formato, com cenário amplo e dinâmico, iluminado por arcos de luzes rosadas e um fundo com imagem de um planeta. As partes musicais passaram a contar com iluminação diferenciada, e as bailarinas dançavam ao redor de bambolês em movimento. O programa era gravado nos estúdios da TVS.

Entre 7 e 21 de maio de 1989, o Viva a Noite foi exibido como quadro no Programa Silvio Santos nas tardes de domingo. Porém, devido à descaracterização do formato, em 27 de maio voltou ao seu horário tradicional, aos sábados à noite, com uma nova vinheta que mostrava o planeta Terra e casas de shows ao redor.

Nessa fase, o programa apresentou competições protagonizadas por artistas e personagens como os mascotes Bugalú, Passarinho, Mãozona e Olhão. No primeiro bloco, com merchandising do caldo Maggi, era exibida a Dança da Galinha Azul, com a mascote oficial da marca.

Essa etapa marcou o fim do Viva a Noite, já que Gugu foi realocado para os domingos à tarde, onde apresentaria o Domingo Legal a partir de janeiro de 1993. O programa chegou ao fim em 4 de janeiro de 1992, sendo substituído pelo Comando da Madrugada. Posteriormente, sua faixa seria ocupada pelo Sabadão Sertanejo, que em 1997 foi rebatizado como Sabadão.

Viva a Noite (1990): o som da Continental na noite do SBT

Lançado em 1990 pelo selo Continental, o segundo LP do programa Viva a Noite reúne um time completo de artistas da gravadora, trazendo sucessos que embalaram as noites dos fãs da atração. Com ritmos que vão do axé e pop ao sertanejo e músicas infantis, o disco reflete a diversidade musical do programa, que conquistava um público amplo e variado. A participação especial de Gugu com A Dança da Galinha Azul encerra o LP com a mesma energia divertida que marcou o programa.

Faixas:
01. Beijinho na Boca - Beto Barbosa
02. Ela Não Liga (Soy Un Desastre) - Polegar
03. Você Ganhou de Mim - Marcia Ferreira
04. Fazer Amor - Chiclete Com Banana
05. Louco de Ciúme - Gilliard
06. Le Fudez Vouz - Banda Mel
07. Marcas - Roberta Miranda
08. Talismã - Leandro & Leonardo
09. Entre Ele e Eu - Marcelo Aguiar
10. Quero Lambar - Banana Split
11. Quero Amar Só Você - Trio Los Angeles
12. A Dança da Galinha Azul - Gugu Liberato

Faixas 01, 02, 03, 10, 11 e 12 remasterizadas por Denis Gazeta a partir deste LP.
Faixas 04 e 05 remasterizadas por Nell Lobo.
Faixa 09 cedida por Flávio Anunciação. 

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Viva A Noite (1989)

 

Criado a pedido de Silvio Santos e inspirado em atrações como Saturday Night Fever e Sábado Fiebre, o Viva a Noite estreou em 16 de novembro de 1982, ainda de forma experimental às terças-feiras, na antiga TVS. A atração teve início com apresentação coletiva — entre eles, nomes como Paulo Barboza, Ademar Dutra, Pai Jair de Ogum e um então iniciante Augusto Liberato, o Gugu.

Com o tempo, Gugu assumiu de vez a apresentação e o programa passou por reformulações, sendo dirigido por Homero Salles e Roberto Manzoni, o Magrão. A mudança definitiva para as noites de sábado ocorreu em março de 1983, e consolidou o sucesso da atração, que se tornou uma das maiores audiências do SBT no horário.

Com quadros populares como Sonho Maluco, Rambo Brasileiro e Baile dos Passarinhos, o Viva a Noite impulsionou a carreira de Gugu e liderou a audiência por anos, enfrentando concorrentes como o Supercine (Globo) e Perdidos na Noite (Bandeirantes), apresentado por Fausto Silva.

Em julho de 1991, o Sabadão Sertanejo passou a ocupar a faixa que antecedia o programa, preparando o público para o sábado musical do canal. Em 4 de janeiro de 1992, o Viva a Noite chegou ao fim, sendo substituído pelo Comando da Madrugada. Partes de seu formato seriam reaproveitadas mais tarde no Domingo Legal, consolidando a influência duradoura do programa na grade dominical do SBT.

O disco do Viva a Noite (1989): a trilha sonora de uma geração

Para quem viveu os anos 80 e 90, o Viva a Noite foi mais do que um programa — foi parte da rotina, da infância ou da adolescência. E esse disco lançado em 1989 é quase uma cápsula do tempo em vinil, reunindo vozes, estilos e memórias de uma época em que o sábado à noite tinha trilha certa na TV brasileira.

O repertório misturava pop nacional, sucessos infantis, românticos da época e até versões de hits internacionais, refletindo bem a diversidade que marcava o programa, reforçando a aposta em um público amplo, que ia dos pequenos aos mais crescidinhos. Confira o repertório completo:

Faixas:
01. Eu Digo Sim - Angélica
02. Camila, Camila - Nenhum de Nós
03. Muito Diferente - Guilherme Arantes
04. Bye Bye Tristeza - Sandra de Sá
05. Dono de Mim (All the Young Dudes) - Dominó
06. Tudo Bem - Lulu Santos
07. Com Você - Jairzinho e a Patrulha do Barulho
08. Certo ou Errado - Patricia Marx
09. Volta ao Começo (Quiero Beber Hasta Perder el Control) - Fábio Jr
10. Direto no Olhar - Rosana
11. Este Ritmo Se Baila Así - Chayanne
12. Jaspion-Changeman - Trem da Alegria

Este disco é uma daquelas preciosas "oportunidades de redescoberta", garimpado durante uma das minhas visitas à loja Sebo Romana, em Sumaré/SP
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Agradecimento especial a Luiz Alberto Gomes (faixa 08), Nell Lobo (faixas 10 e 12), Israel Castro (faixa 03), Gilmar Davel (faixa 05). Faixa 07 remasterizada a partir deste LP.

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domingo, 29 de junho de 2025

Milk Shake (1990)


Milk Shake foi um programa musical infantil e juvenil exibido aos sábados pela Rede Manchete, entre 1988 e 1992, apresentado por Angélica. Com formato de auditório, o programa recebia artistas da música, promovia edições temáticas e encantava o público com cenários especialmente decorados a cada episódio.

Criado por Márcia e Jayme Monjardim — este último, diretor artístico da Manchete —, o programa contou ainda com uma equipe criativa e técnica composta por nomes como Marcelo Zambelli, Duda Anysio e Sandra Klar. Além das atrações musicais, Milk Shake também apresentava sketches de humor, com a própria Angélica atuando no elenco. Sua última edição foi ao ar em 26 de dezembro de 1992, marcando o fim da trajetória da apresentadora na emissora.

O nome Milk Shake fazia alusão a um verdadeiro “batidão no liquidificador” de sucessos musicais, misturando diversos estilos em uma combinação pop e divertida. Curiosamente, o cenário do programa remetia a uma sorveteria dos anos 60, enquanto o figurino adotado seguia uma estética noventista com influência retrô sessentista, criando uma identidade visual marcante — como quem diz: o milk shake sempre foi a bebida preferida da juventude na sorveteria.

Além de suas aberturas marcantes e da interação carismática de Angélica com bailarinos e convidados, Milk Shake também deixou seu legado fonográfico. O selo Bloch Discos lançou duas coletâneas com músicas do programa, em 1990 e 1991. O Volume 1 saiu em LP e K7, e o Volume 2 foi lançado em LP, K7 e CD.

O LP lançado em 1990 é uma verdadeira “mistureba” musical, com um repertório tão variado quanto animado — feito sob medida para o público jovem que acompanhava o programa. De Polegar a Chitãozinho & Xororó, passando por Dominó, Beto Barbosa, Placa Luminosa e a própria Angélica, o disco é um autêntico milk shake sonoro: tem lambada, pop juvenil, sertanejo, baladas românticas e até um toque de synth-pop. É como se cada faixa fosse um sabor diferente servido no mesmo copo colorido.

No fim das contas, Milk Shake sempre foi isso — uma mistura divertida, cheia de energia, com o gosto perfeito da juventude brasileira dos anos 90.

Faixas:
01. A Tarde - Conrado & Andréa
02. Lambada de Amor - Roselle
03. Sou Como Sou - Polegar
04. Página Virada - Chitãozinho & Xororó
05. Daqui pra Fora - Gilliard
06. Beijo na Boca - Banda Beijo
07. Beijinho na Boca - Beto Barbosa
08. Só Você - Placa Luminosa
09. Velho John - Mirage
10. Ciúme de Rapaz - Markinhos Moura
11. Maria - Dominó
12. Toda Molhada de Chuva - Angélica

Este disco é uma daquelas preciosas "oportunidades de redescoberta", garimpado durante uma das minhas visitas à loja Sebo Romana, em Sumaré/SP
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Faixas 01, 02, 05 e 10 remasterizadas a partir de LP por Nell Lobo, faixa 03 cedida a partir de fonte digital (CD) por Nell Lobo.
A única remasterizada por mim a partir deste LP foi a faixa 09.

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Show da Alegria (1984)

 

"Show da Alegria" foi um programa da Rádio Globo apresentado pelo comunicador Ely Corrêa. Em 1984, a Som Livre lançou um LP reunindo os maiores sucessos do programa, com repertório selecionado por José Roberto Santos Gama. Para usar uma expressão bem atual: é o puro suco do popular!

Este LP foi remasterizado com o uso da agulha Ortofon Concorde Club. Algumas faixas jamais haviam sido lançadas oficialmente em formato digital, e mesmo entre as que foram, muitas se encontram em má qualidade. Por isso, essa remasterização se torna uma verdadeira joia rara para os apreciadores da música popular e da história do rádio brasileiro.

Faixas:
01. Quem Quiser Ser Feliz - Eli Corrêa
02. Casamento Forçado - Amado Batista
03. Cara de Durão - Markinhos Moura
04. Corpo e Alma - Antonio Marcos
05. Faz de Conta (L'Italiano) - José Augusto
06. Ainda Amo Você - Gilberto Lemos
07. Enredo do Meu Samba - Grupo Fundo de Quintal
08. É por Você que Canto (The Sound of Silence) - João Viola
09. Flor de Luz (Souvenir of China) - Wando
10. Troque as Pilhas - Genival Lacerda
11. Lábios de Cereja - Marcos Sanches
12. Indiferença - Jerry Adriani
13. Ninguém Pode Entender - José Luiz
14. Como É Bom Te Amar (Islands in the Stream) - Jane & Herondy

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sábado, 28 de junho de 2025

Conrado - Conrado (1988)

Este é o segundo álbum da carreira solo do cantor Conrado, lançado pela PolyGram em 1988. Com direção artística de Mariozinho Rocha e produção de Paulo Debétio, o disco contou com arranjos e regências de Júlio Teixeira, além da programação assinada por Renato Ladeira, Roberto Lly e o próprio Júlio Teixeira.

O trabalho traz dois singles de destaque: "Beijo de Aranha" — tema do filme Os Trapalhões na Terra dos Monstros — e a regravação de "Paixão Proibida (A Pobreza)", composição de Renato Barros (do grupo Renato e Seus Blue Caps), originalmente lançada por Leno em 1968 — exatamente vinte anos antes.

Faixas: 
01. Tudo Que Sonhei
02. Brincar de Amar
03. Beijo de Aranha
04. Com Ela
05. Paixão Proibida (A Pobreza)
06. Bom Demais pra Não Lembrar
07. Telefona
08. Para-raio
09. Eu e Você
10. Bom Demais pra Não Lembrar (Instrumental)

Para baixar em FLAC (Lossless), clique AQUI.

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Acoustic Project Vol. 9 (2025)

 

Depois de deixar a meta em aberto no Volume 7, acabei reencontrando a arte do Volume 8 salva no meu HD externo — junto com as canções que já estavam sendo preparadas, fruto de um garimpo de arquivos FLAC que fiz durante a pandemia. O tempo passou e consegui publicar esse material, sem precisar de tanta espera. O mais bacana é que as ideias de continuidade já estavam fervilhando na cabeça. Afinal, de 2013 pra cá já se passaram 11 anos, e muita coisa boa surgiu em versões desplugadas — material que merece passar pela peneira da Gazeta do Som, ser masterizado com carinho e entregue em coletânea da melhor forma possível!

Até que enfim encontrei a versão acústica de "Heaven", da banda Live — só violão e voz de Ed Kowalczyk. Ela faz parte de uma coletânea chamada The Complete B-Sides & Rarities Collection, que foi disponibilizada em 2013 pelo Ridley Bradout, da fan base oficial da banda. Justamente o ano em que eu comecei a fazer uma batelada de volumes desta série. Até então, entre 2013 e 2014, nunca tinha conseguido encontrar esse material.
Mas ele apareceu — graças ao amigo Paulo 'Azulay' da Silva (Facebook), que me ajudou a cruzar essa ponte. E vou te dizer por que foi tão difícil: a banda se chama Live, e a música se chama Heaven. Resultado? Toda vez que eu buscava por “Heaven Acoustic Live”, só apareciam gravações ao vivo (porque live também é “ao vivo”) ou então versões do Bryan Adams. Uma confusão algorítmica clássica.
O fato é que Live é uma banda de rock alternativo norte-americana que surgiu nos anos 80, teve hits rodando o mundo inteiro e, no Brasil, ficou marcada por aparecer nas propagandas dos cigarros Hollywood. Heaven é a faixa principal do disco Birds of Prey (2003), e essa versão acústica apareceu apenas num single raro.
22 anos depois, ela tá aqui. E, pra mim, isso vale ouro e tem que abrir a coletânea!

Seguindo minhas andanças de garimpo virtual, encontrei com um usuário do Soulseek um bootleg de vários volumes chamado Live in Studio – The Acoustic Collection. Por sorte, caiu como uma luva essa versão quase stripped de “Another Day in Paradise”, do especial MTV Unplugged — provavelmente lançada como single em algum mercado local.
Até hoje aguardo a publicação oficial desse acústico, que revela a magnitude vocal de Phil Collins. Aos 74 anos, ele enfrenta muitos problemas de saúde, o que é uma pena para um artista que se doou tanto para fazer outras pessoas felizes. Hoje, limitado para andar, movimentar-se, tocar e cantar — que é o que mais ama — Collins segue sendo uma lenda que merece nosso respeito e admiração.

Sobre Dido, vale lembrar que ela ganhou destaque mundial após ser sampleada na canção “Stan”, do Eminem — um feat que alavancou sua carreira e apresentou sua voz singela para o grande público. A versão de “Thank You” que escolhi provavelmente é uma extração das AOL Live Sessions, embora não esteja explicitamente indicada. De qualquer forma, essa versão ao vivo, voz e violão, é simplesmente linda!

Rick Astley lançou a coletânea The Best Of Me em 2019, celebrando 32 anos de carreira (hoje são 38 anos de estrada). Nesse trabalho, ele reuniu os maiores destaques da sua trajetória, incluindo versões acústicas reimaginadas de alguns de seus sucessos.
Quando começou, Rick enfrentou certa resistência da crítica, talvez pelo estilo pop acessível e dançante das suas músicas. No entanto, com o passar dos anos, ele provou seu talento, tornando-se um dos cantores mais respeitados do Reino Unido. Um ótimo exemplo de maturidade artística está na versão acústica de "She Wants To Dance With Me", que transforma o hit animado das pistas numa balada perfeita para namorar — mostrando seu amadurecimento artístico e versatilidade.

KT Tunstall estourou com “Other Side of the World”, tema que apareceu na série Smallville, mas foi com “Suddenly I See” que conquistou uma nova geração, pois a música foi trilha sonora do filme O Diabo Veste Prada — um sucesso garantido! Nesta coletânea, a canção aparece em versão acústica de estúdio, destacando a bela voz de KT.

Preciso destacar a versão acústica ao vivo de “Never Tear Us Apart”, do INXS. Não é a versão curta de 2:31 presente nos singles Searching (Reino Unido, 1997) e Don't Lose Your Head (Japão, 1997) — esta última praticamente impossível de encontrar em boa qualidade. A que trago aqui, com duração de 2:54, faz parte da série Live In Studio – The Acoustic Collection e aparentemente foi gravada num programa acústico de rádio em Toronto, Canadá.
Essa versão é um dos momentos mais belos de Michael Hutchence, revelando sua voz e emoção de forma crua e intensa. Ela antecede os últimos anos de sua vida — Hutchence nos deixou em 1997, após uma difícil batalha contra a depressão. Um registro que emociona e nos faz lembrar do talento imenso que ele foi.

A versão de "Don't Speak Alternate Version)" é do single oficial da banda de rock alternativo No Doubt, mas a master original tinha uma impressão de rotação caída, o que fazia a voz da Gwen soar mais grave e fora do tom que ela normalmente alcança — parecia um erro de registro na masterização. Para corrigir isso, elevei o pitch, restaurando a tonalidade natural da voz e deixando a faixa mais profissional e agradável ao ouvido. Porém, não deixei exatamente no tom versão de estúdio, justamente para preservar a fidelidade ao registro ao vivo da Gwen, evitando aquele efeito “versão de carrinho de churros”. Assim, apresentei uma versão alternativa palatável, que respeita o timbre original dela e mantém a autenticidade da performance.

Em 2016, FINALMENTE a banda UB40 gravou um acústico em estúdio, reunindo Ali Campbell, Terence "Astro" Wilson (que infelizmente faleceu em 2021) e Mickey Virtue para essa celebração. O álbum Unplugged saiu junto com um Greatest Hits, e para mim, que fiquei anos sem retomar o Acoustic Project, a faixa "Red Red Wine" foi como um presente inesperado e muito especial!

Em 2003, o grupo The Bangles se reuniu para gravar o álbum Doll Revolution. A versão acústica de "Eternal Flame" que entra nesta coletânea saiu do single Something That You Said, que promovia esse retorno. A exuberância vocal de Susanna Hoffs brilha, com os backing vocals afinadíssimos de Debbi Peterson, Vicki Peterson e Annette Zilinskas — tudo acompanhado por um violão suave e bem posicionado. Uma delicadeza que emociona!

Precisamos falar dessa versão acústica emocionante de "(I've Had) The Time of My Life" — vencedora do Oscar de Melhor Canção em 1987 — interpretada por ninguém menos que Bill Medley, a lenda viva do Righteous Brothers, ao lado de sua filha, McKenna Medley. A performance aconteceu em 2020, no programa Larry's Country Diner, exibido pela Country Road TV, e está disponível no canal da emissora no YouTube. Medley, com impressionantes 79 anos na época (atualmente com 84), prova que voz e emoção não envelhecem. Curiosidade: a faixa está escondida nas plataformas digitais, creditada como “Country's Family Reunion” no campo de intérprete, sob o selo Country Road Management. Um verdadeiro tesouro escondido — raro, tocante e feito sob medida pra quem nunca esqueceu da trilha de Dirty Dancing.

Vamos falar dessa versão (quase) acústica de "Starman", gravada especialmente para a apresentação de David Bowie no Top of the Pops. A gravação foi oficialmente liberada nas plataformas digitais pela Parlophone em junho de 2022, como parte das comemorações do legado do artista. O resultado é um reboot delicioso do clássico, agora com um som estéreo limpo, que renova sem descaracterizar. Mais que uma nova mixagem, essa versão soa como um refresco sonoro — um tributo delicado e poderoso à genialidade de Bowie, que nos deixou em 2016 após uma silenciosa e corajosa luta contra o câncer.

Também precisamos destacar os escoceses do Simple Minds, que em 2016 lançaram enfim um álbum acústico — algo que já devia ter acontecido há tempos, considerando a beleza melódica e emocional do repertório da banda. O disco Acoustic trouxe uma formação mais inclusiva, com a entrada de duas grandes artistas: Cherisse Osei na bateria (um show de presença e precisão) e Sarah Brown nos vocais de apoio, que rouba a cena em várias faixas. Em “Alive and Kicking”, ela divide os vocais com Jim Kerr numa performance eletrizante, que transforma a faixa em uma celebração viva — da música, da diversidade e da força atemporal do grupo.

Uma joia inesperada — e deliciosa — é a versão de “All About That Bass (Live from Spotify London)”, incluída na edição de luxo comemorativa de 10 anos do álbum Title (2015), de Meghan Trainor. A gravação revela uma faceta visceral da cantora, que sempre se destacou por unir elementos retrô dos anos 60 com uma pegada pop contemporânea. Meghan, que nunca se encaixou no padrão estético dominante de sua geração, conquistou um público mais tímido em números, mas extremamente fiel e exigente em qualidade. E aqui ela entrega tudo ao vivo: afinação, presença, groove e autenticidade. Quem conhece, sabe — e quem descobre, entende por quê ela é tão boa no que faz.

A versão acústica de “Freed From Desire” é uma daquelas surpresas que a vida reserva — e que o Acoustic Project adora resgatar. A italiana Gala Rizzatto, que estourou mundialmente em 1996 com essa faixa na cena eurodance, viu sua criação ganhar nova força vinte anos depois, em 2016, quando uma versão paródica feita por um torcedor do Wigan Athletic viralizou nas arquibancadas da Eurocopa. O impacto foi tão grande que a música voltou às paradas europeias e acabou sendo escolhida para embalar o filme francês Um Amor à Altura naquele mesmo ano, numa releitura acústica suave, delicada, e cheia de significado. A reviravolta foi completa: em 2025, a FIFA adotou o famoso “na-na-na-na” da canção como mote sonoro nas vinhetas oficiais da Copa do Mundo de Clubes. Um giro de 180° para Gala, que por muito tempo não viu um centavo sequer da própria criação, por conta de um contrato abusivo assinado com o produtor Max Moroldo. Hoje, com justiça, sua voz e sua história estão novamente no centro do palco — e no coração de novas gerações.

Sobre o Housemartins, confesso que não sabia que essa faixa foi extraída de uma sessão acústica gravada pela BBC no ano do álbum The People Who Grinned Themselves To Death. Foi uma grata surpresa resgatar essa pérola aqui para o projeto.
Apesar de sentir falta dos backing vocals que acompanham a letra — o icônico “Bu-Bu-Bu-Bu-Build” ficou um pouco avulso nessa versão — o resultado é uma delicinha para curtir com calma, um momento íntimo e despretensioso da banda que vale o play.

Marcella Detroit, uma das vozes marcantes do grupo Shakespeare’s Sister, hoje com 73 anos, teve em 2024 o relançamento digital do seu álbum Jewel, celebrando os 30 anos do disco que a consagrou solo. Lançado originalmente em 1994, o álbum contou com participações de peso como Elton John e rendeu à cantora seu maior sucesso: "I Believe" que atingiu o 11º lugar nas paradas britânicas e o 10º na Austrália — e segue sendo um clássico das ondas da Antena 1 FM.
Apesar de ter sido esquecida pela grande mídia por um bom tempo, foi justamente no streaming que encontramos essa versão acústica redescoberta de I Believe — que reforça toda a potência, precisão e entrega emocional que Marcella sempre teve. Uma joia lapidada pela própria história, resgatada no momento certo.

Confesso: foi com lágrimas nos olhos que selecionei Dreams, o maior dos hinos do The Cranberries, para este volume do Acoustic Project. A faixa integra o álbum Something Else, lançado em 2017, que revisitava — com arranjos de cordas e nova delicadeza — os grandes momentos da banda irlandesa. Gravado com a Irish Chamber Orchestra, o disco reuniu 10 sucessos e três canções inéditas, em versões acústicas feitas em estúdio.
Mais coeso e emocionalmente resolvido do que o MTV Unplugged dos anos 90, Something Else acabou se tornando o último registro do grupo. Dolores O’Riordan nos deixaria em 2018, aos 46 anos, após uma batalha silenciosa contra a depressão. Este registro é, por isso, mais que um relançamento: é um adeus digno da voz e da alma que marcaram toda uma geração.

O duo britânico Hurts, formado por Theo Hutchcraft e Adam Anderson, surgiu como uma promessa do synthpop moderno, ganhando destaque em 2009 no Band of the Day do jornal The Guardian e figurando no 4º lugar da prestigiada lista Sound of 2010 da BBC. Não à toa: a sonoridade sombria, elegante e melancólica do grupo os colocou em um patamar à parte. E Wonderful Life é a prova disso.
Lançada originalmente como single em 2010, a canção ganhou uma releitura acústica arrebatadora em 2017, numa Deluxe Music Session. A versão despida de sintetizadores expõe a crueza da letra e a interpretação visceral de Hutchcraft, reafirmando algo que já se intuía na original: essa música não precisa de ornamentos para tocar fundo. Ela é, por si só, um soco emocional.

Em 2024, Ed Sheeran lançou o álbum +–=÷× (Tour Collection: Live), reunindo registros ao vivo que celebram não só sua discografia, mas principalmente sua essência como performer. “Eyes Closed”, uma das joias do álbum – (Subtract), foi escolhida aqui justamente pela versão ao vivo — intensa, vulnerável, e absolutamente fiel à proposta do cantor britânico. A performance, baseada em sua característica loop session, constrói camadas sonoras com a própria voz e violão, em tempo real, sem banda de apoio.
Esse formato, que já virou marca registrada de Ed, é tratado por alguns críticos como truque de ilusionismo pop, mas para quem o acompanha, é um espetáculo de inventividade. “Eyes Closed” foi escrita como uma homenagem a um amigo que faleceu — e é essa dor, vestida de beleza e simplicidade, que toma conta do palco. O que para os medíocres soa como farsa, para quem sente de verdade, é tiro na lua. E Sheeran acerta em cheio.

E pra encerrar essa seleção com um sorriso — daqueles que dizem tudo sem dizer nada — “Die with a Smile” é a canção mais leve e encantadora do volume. A inesperada união entre Bruno Mars e Lady Gaga parecia improvável, mas veio no momento certo. Ele, voltando com força total após o sucesso do Silk Sonic. Ela, em plena maturidade artística, tendo emocionado o mundo com “Hold My Hand” em Top Gun: Maverick (2022), canção que quase lhe rendeu seu segundo Oscar. Gaga estava mais do que viva — estava em seu auge emocional e criativo.
Lançada de forma avulsa nos meses que antecederam os Jogos Olímpicos de 2024, a faixa rapidamente se tornou um hino pop. Mas foi a versão acústica, apresentada no final de outubro, que tocou mais fundo. Com um arranjo íntimo, sem pirotecnia, a performance revelou o quanto os dois artistas sabem brilhar até na sutileza. A química entre os vocais de Gaga e Mars é tão natural quanto rara. Resultado? Grammy de Melhor Performance de Duo/Grupo Pop em 2025. E o coração de quem ouviu.
“Die with a Smile” encerra essa jornada musical como quem segura a mão de quem a gente ama e diz: “tudo valeu a pena”.

Faixas: 
01. Heaven - Live
02. Another Day in Paradise (MTV Unplugged) - Phil Collins
03. Thank You (Live) - Dido
04. She Wants to Dance with Me (Reimagined) - Rick Astley
05. Suddenly I See - KT Tunstall
06. Never Tear Us Apart (Live) - INXS
07. Don't Speak (Alternate Version) - No Doubt
08. Red Red Wine - UB40
09. Eternal Flame - The Bangles
10. The Time of My Life (Live on Larry's Country Diner) - Bill & McKenna Medley
11. Starman (Top Of The Pops Version) - David Bowie
12. Alive and Kicking - Simple Minds
13. All about that Bass (Live from Spotify London) - Meghan Trainor
14. Freed from Desire - Gala
15. Build (Live at the BBC) - The Housemartins
16. I Believe - Marcella Detroit
17. Dreams - The Cranberries
18. Wonderful Life - Hurts
19. Eyes Closed (Live) - Ed Sheeran
20. Die with a Smile - Bruno Mars & Lady Gaga

Depois de toda essa passada histórica pelas faixas, eis o link para download!
Para baixar em FLAC (Lossless), clique AQUI.

domingo, 22 de junho de 2025

Pais e Filhos - A Arte em Família... (2013)

 

De Pai pra Filho, de Mãe pra Filha
Uma coletânea em dois volumes que celebra o legado musical que atravessa gerações.

Senta, que lá vem história!
Nascida da amizade e do amor pela música entre Denis Rodrigues Gazeta e Marcelo Silva, esta seleção é um tributo emocionante às famílias que fizeram — e ainda fazem — a trilha sonora do Brasil. Aqui, cada faixa constrói uma ponte entre o ontem e o hoje: ouvimos primeiro as vozes que marcaram uma geração e, na sequência, seus filhos e filhas que deram continuidade à arte com personalidade própria.

Logo no primeiro volume, Elis Regina abre os trabalhos com “Trem Azul” remixada por DJ Zé Pedro. Uma homenagem inevitável a quem deixou um legado incontestável — que reverbera forte em seus três filhos: Pedro Mariano e Maria Rita, frutos do casamento com o pianista e arranjador César Camargo Mariano, e João Marcello Bôscolli, filho de seu primeiro casamento com o produtor Ronaldo Bôscoli. Pedro e João estrearam seus álbuns em 1995 pela Sony Music. Entretanto, Pedro ficou conhecido logo que interpretou "Preciso Dizer que Te Amo" no especial Som Brasil Cazuza onde seus atributos artísticos mais destacados e ser um Camargo Mariano foi reafirmação de um talento já existente.

Maria Rita começou timidamente nos anos 90, gravando um jingle da marca Ripasa S/A (“Na vida, cada um tem seu papel…”), mas foi por insistência de Milton Nascimento que seu álbum de estreia, Pietá (2002), veio à tona pela Warner. A partir do terceiro disco, Samba Meu, ela se aventuraria com força no samba.

Djavan, presente com um remix moderno de “Azul”, presente no album "Na Pista" (2005) abre a ponte para o trabalho de seu filho Max Viana, que embora já atuasse como guitarrista e arranjador ao lado do pai, estreou como cantor com o álbum No Calçadão (2002). A faixa escolhida aqui, “Canção de Rei”, foi tema da novela Sabor e Paixão, dando início à sua própria trajetória musical.

Jair Oliveira e Luciana Mello, filhos de Jair Rodrigues, são outro caso emblemático de herança musical. Conhecidos ainda pequenos como Jairzinho e Luciana Rodrigues, já demonstravam talento nato. Jair, além de cantor, compunha — inclusive para a irmã. “Simples Desejo”, por exemplo, é dele com Daniel Carlomagno.
Em meados de 2000, mais tarde, João Marcello Bôscolli fundaria o selo Trama, abrindo espaço para seu irmão Pedro e também para os amigos Jair e Luciana e também Claudio Zoli — com quem divide vocais em "Flor do Futuro" — lançarem seus discos.

Wanessa Camargo, filha de Zezé Di Camargo, embora tenha idade próxima à de Sandy, estreou como cantora em 2000, aos 17 anos, após um período de estudos nos Estados Unidos — país com o qual guarda conexão afetiva e fluência no inglês. A faixa “Tanta Saudade”, de 2001, é a adaptação da balada americana “Heaven Came Down” (Jason Deere e Bonnie Baker), com versão em português por Dudu Falcão. Um dado curioso: em 1997, aos 15 anos, Wanessa fez um dueto ao vivo com Eros Ramazzotti no Domingão do Faustão, interpretando “Cose Della Vita”.

João Nogueira, sambista clássico, encerra um dos momentos mais nostálgicos da coletânea ao lado do grande Emílio Santiago em “Amigo É pra Essas Coisas”. Anos mais tarde, seu filho, Diogo Nogueira, estrearia oficialmente em 2007 — sete anos após a morte do pai. Diogo, que até então cogitava carreira no futebol, abraçou o samba com convicção. O mais impressionante é como seu registro vocal evoca a mesma sonoridade firme e calorosa do pai. Mais que homenagem, sua carreira é uma continuação viva de um legado.

A linhagem Caymmi também brilha forte na coletânea. De Dorival Caymmi a seus filhos Danilo, Nana e Dori, a música é herança e missão. E o ciclo não parou: Alice Caymmi, filha de Danilo, também enveredou pelo canto — com estilo, ousadia e densidade emocional que revelam como a arte pode reinventar-se a cada geração.

No segundo volume, Gilberto Gil e sua filha Preta Gil mantêm viva a chama. Preta só se lançou em 2003, depois de atuar como atriz e diretora de arte de videoclipes. Até o fechamento desta edição, seu filho Fran Gil ainda não havia se lançado oficialmente. Preta gravou “Mutante”, de Rita Lee e Roberto de Carvalho, exclusivamente para a novela Mutantes, da RecordTV. Aliás, o casal musical Rita e Roberto também tem um herdeiro: Beto Lee, guitarrista e cantor — mais uma deixa para o Volume 2.

Fábio Jr aparece aqui em uma releitura de "Fogo e Paixão" de Wando, que gravou para o tema da novela Chamas da Vida (RecordTV). 
Fiuk, filho de Fábio Jr., estreou em 2009 como vocalista da banda Hori e como ator da Malhação. Após o fim da banda, incentivado pelo pai, lançou-se como cantor solo. Seu single “Quero Toda Noite”, com Jorge Benjor, chegou como tema da novela Aquele Beijo. A canção até ganhou destaque, mas a performance vocal não convenceu. Após uma sequência de altos e baixos na atuação e uma superexposição no Big Brother Brasil, sua carreira acabou marcada por crise de identidade artística e questões pessoais mal resolvidas — o que hoje mantém seu futuro incerto na música.

O amor musical também uniu Ivan Lins e Lucinha Lins, que dividem os vocais na delicada “Amor”, faixa do disco Daquilo Que Eu Sei, lançado em 1981, período em que ainda eram casados. O casal também gerou talento: Cláudio Lins, que ficou conhecido do grande público como o pianista Bruno na novela História de Amor. Mas engana-se quem pensa que sua baixa frequência na televisão representa uma carreira discreta. Aos 52 anos, Cláudio acumula trabalhos significativos no teatro musical, onde se firmou como ator, cantor e compositor — levando adiante a veia artística da família, com personalidade e consistência.

Luiza Possi, filha de Zizi Possi, foi oficialmente apresentada ao grande público no Fantástico, em 2002, aos 18 anos. Antes disso, já havia dado sinais de sua veia artística ao participar do CD da banda LS Jack. Com uma sonoridade delicada e surpreendentemente madura, Luiza trouxe à cena a soma de duas potências: a herança vocal da mãe e o trabalho nos bastidores do pai, Liber Gadelha, produtor e proprietário da Indie Records.
A canção “Não Dá Mais Pra Segurar (Explode Coração)”, interpretada por Zizi Possi, faz parte de seu último registro fonográfico ao vivo, o show Tudo Se Transformou. A faixa voltou ao centro das atenções ao integrar a trilha da novela A Vida da Gente (2011). Já Luiza aparece com “Cantar”, incluída no álbum Tudo Se Transforma, de 2009, seu quarto trabalho de estúdio — reafirmando sua identidade e sensibilidade próprias, mesmo com o peso de um sobrenome consagrado.

Chitãozinho & Xororó, hoje com quase 60 anos de carreira, demoraram a conquistar o grande público. A explosão do sertanejo no mainstream veio apenas no início dos anos 1990, quando o gênero finalmente ganhou espaço nas grandes mídias. A faixa “Coração Sertanejo”, tema da novela O Rei do Gado, é símbolo desse momento de virada — quando a música de raiz passou a ser consumida por um público mais amplo. A trilha sonora da novela foi um sucesso de vendas, assim como o álbum Clássicos Sertanejos, lançado na mesma época.
E não podia faltar um caso curioso e afetivo: a trajetória de Sandy & Junior, filhos de Xororó, começou por acaso — ou por destino. A dupla surgiu a partir de um pedido de Lima Duarte, que buscava uma dupla mirim para participar do Som Brasil, em 1989. Como Chitãozinho ainda não tinha filhos cantores, Xororó sugeriu os próprios filhos. O convite foi aceito de imediato, e ali nascia uma das duplas infantis mais marcantes da música brasileira.
O fato é que Sandy & Junior estrearam oficialmente em 1991, já com o respaldo do sucesso do pai — mas o talento e o carisma da dupla logo os colocaram em um patamar próprio. Tanto eles quanto Chitãozinho & Xororó consolidaram discografias importantes na PolyGram, marcando gerações com suas músicas.

Jane Duboc nos presenteia com “Só Nós Dois”, sucesso que integra seu terceiro álbum lançado pela gravadora Continental, consolidando sua carreira como uma das grandes intérpretes da música romântica brasileira. Seu filho, Jay Vaquer, trilhou um caminho diferente: surgido discretamente nos anos 2000, evitou usar o nome da mãe como trampolim. Ainda assim, chamou atenção com uma proposta pop autoral e sofisticada, revelando seu talento através de videoclipes exibidos na MTV. Inicialmente lançou seus discos pela gravadora independente Jam Music, a mesma que abrigava os trabalhos de Jane. Em 2005, assinou com a EMI e lançou o álbum Você Não Me Conhece, de onde vem a faixa “Tal do Amor”, que reafirma sua identidade única na cena pop nacional.

A carreira de Moraes Moreira dispensa comentários. Integrante fundamental dos Novos Baianos, ele seguiu trajetória solo brilhante, acumulando quase 30 álbuns ao longo de quase 50 anos de carreira. A faixa “Meu Namoro” foi extraída do CD O Brasil Tem Conserto, de 1995 — um disco que, curiosamente, ainda não está disponível nas plataformas digitais. A música ganhou projeção ao integrar a trilha da novela Irmãos Coragem (remake de 1995), reforçando a conexão do artista com o universo da teledramaturgia.
Seu filho, Davi Moraes, começou a despontar por volta de 2002, assinando com a Universal Music, que lançou seu álbum de estreia Papo Macaco. Seu repertório fonográfico ainda é enxuto, mas carrega peso simbólico — como sua gravação exclusiva para a trilha de Amor e Intrigas (2008), marcando um dos seus momentos mais relevantes como artista solo na TV.

Se por um lado a trajetória de quase 60 anos de carreira de Márcio Greyck nos deixa praticamente sem palavras — afinal, ele foi uma verdadeira fábrica de sucessos entre as décadas de 70 e 80 —, o mesmo podemos dizer do talentoso filho, Bruno Miguel, embora por um motivo diferente: sua presença na música é bem mais discreta. Bruno fez sua estreia como cantor com a canção “Faz Assim”, tema da novela Malhação em 2003, e só viria a lançar seu primeiro (e até hoje único) álbum  pela Deckdisc em 2009. Como também é ator, acabou se dedicando mais à dramaturgia do que à música.
Márcio ainda é pai de Raphael Greyck, que também tentou seguir carreira de cantor. Porém, seu nome ganhou maior notoriedade com a participação na trilogia Luau da Deckdisc — uma série de projetos acústicos que regravavam clássicos da MPB e venderam bastante durante a década de 2000. Talvez por isso a vertente autoral de Raphael tenha ficado em segundo plano… o que explica sua ausência nesta edição organizada por Marcelo Silva. Quem sabe no Volume 2? rs...

Por fim, não poderia faltar Martinho da Vila, com o hino “Mulheres” — um dos maiores sucessos de sua carreira, lançado em 1995 no álbum Tá Delícia, Tá Gostoso. É curioso notar como, apesar de ser um verdadeiro celeiro de talentos, o Brasil muitas vezes negligencia a valorização de seus artistas, numa espécie de síndrome de vira-lata cultural. Enquanto isso, no exterior, há uma admiração constante pela cadência do samba, pela bossa nova, pelo choro, pelo axé e tantos outros ritmos que nasceram aqui.
Um episódio recente reforça essa influência: o compositor Toninho Geraes, autor de “Mulheres”, identificou semelhanças marcantes entre sua obra e a canção “Million Years Ago”, de Adele. O alerta veio justamente de fãs brasileiros, que criaram um mashup com uso de inteligência artificial, escancarando o plágio que antes passava despercebido. O caso chegou aos tribunais e garantiu mais visibilidade para a canção — mais uma prova de como a música brasileira ecoa mundo afora, mesmo quando não é devidamente reconhecida.
Sua filha, Mart’nália, que o acompanhava nos palcos desde jovem, lançou seu primeiro LP em 1987 pela 3M do Brasil, ainda aos 21 anos. No entanto, sua carreira como cantora solo só deslanchou de fato 15 anos depois, com o álbum Pé do Meu Samba (2002), quando decidiu sair da sombra do pai e construir sua própria trajetória. Aqui em “Namora Comigo”, canção que conta com Djavan na guitarra e nos vocais de apoio, encerra-se a coletânea com um encontro de gerações e talentos.

Duas gerações. Um só coração musical.
Essa coletânea não é apenas sobre sucessão artística — é sobre herança, memória e o poder da música de atravessar o tempo.
De pais e mães para filhos e filhas. De coração para coração.

A seguir a tracklist dos dois CDs com links para download em FLAC (Lossless)

Faixas do CD 1 - link para baixar AQUI
01. Trem Azul (DJ Zé Pedro Remix) - Elis Regina
02. Flor do Futuro - João Marcello Bôscolli
03. Preciso Dizer que Te Amo (Ao Vivo) - Pedro Mariano
04. Tá Perdoado - Maria Rita
05. Azul (Remix) - Djavan
06. Canções de Rei - Max Viana
07. Vem Cuidar de Mim - Zezé di Camargo & Luciano
08. Tanta Saudade (Heaven Came Down) - Wanessa Camargo
09. Amigo É pra Essas Coisas - João Nogueira part. esp. Emílio Santiago
10. Sou Eu - Diogo Nogueira
11. Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda - Jair Rodrigues
12. Bom Dia, Anjo - Jair Oliveira
13. Simples Desejo - Luciana Mello
14. O Bem do Mar - Dorival Caymmi
15. Nada a Perder - Danilo Caymmi
16. Saudade de Amar - Nana Caymmi
17. É Doce Morrer no Mar - Dori Caymmi

Faixas do CD 2 - link para baixar AQUI
01. Palco - Gilberto Gil
02. Mutante - Preta Gil
03. Fogo e Paixão - Fábio Jr.
04. Quero Toda Noite (Deeplick Remix) - Fiuk part. esp. Jorge Benjor
05. Explode Coração (Ao Vivo) - Zizi Possi
06. Cantar - Luiza Possi
07. Só Nós Dois - Jane Duboc
08. Tal do Amor - Jay Vaquer
09. Amor - Ivan Lins part. esp. Lucinha Lins
10. Cair e Chegar - Cláudio Lins
11. Coração Sertanejo - Chitãozinho & Xororó
12. Tudo pra Você - Sandy & Junior
13. Meu Namoro - Moraes Moreira
14. Como É Grande o Meu Amor por Você - Davi Moraes
15. Aparências (Acústico) - Márcio Greyck
16. Sem Querer (Loving You) - Bruno Miguel
17. Mulheres - Martinho da Vila
18. Namora Comigo - Mart'nália part. esp. Djavan

Mordida de Amor - Temas da Novela Bebê A Bordo (1993)

 

CD lançado em Portugal pelo selo Sonovox, em 1993.

Quando a SIC, emissora portuguesa afiliada da Globo, exibiu a novela Bebê a Bordo, o sucesso das novelas brasileiras no país era tão grande que se tornou comum o surgimento de bandas formadas exclusivamente para projetos de covers — como foi o caso da banda fictícia Mordida de Amor.

Com uma dicção impecável nas interpretações, acredita-se que os integrantes possam ser músicos brasileiros radicados em Portugal.

Faixas: 
01. Mordida de amor (original: Yahoo)
02. Me ame ou me deixe (original: Wanderléa)
03. I don't wanna go with you like that (original: Elton John)
04. Adoro (original: Leo Jaime)
05. Quase não dá para ser feliz (original: Dalto)
06. Strange love (original: Depeche Mode)
07. Preciso dizer que te amo (original: Marina)
08. O beco (original: Os Paralamas do Sucesso)
09. Electrica salsa (original: OFF "Organisation for Fun")
10. Rendez-vous (original: Carla Daniel)
11. As bruxas (original: Beto Saroldi)
12. 1,2,3 (original: Miami Sound Machine)
13. Amor bandido (original: Joanna)
14. De igual para igual (original: José Augusto)
15. I don't want to live without you (original: Elton John)
16. Viver e reviver (original: Gal Costa)
17. Amor e bombas (original: Eduardo Dusek)

Agradecimentos especiais a Miguel Meira, nosso noveleiro português.

Para baixar em FLAC (Lossless), cliique AQUI.

sábado, 21 de junho de 2025

Acoustic Project Vol. 8 (2014)

 

Acoustic Project – Vol. 8
“Algumas canções resistem ao tempo. Outras, o tempo pede que a gente ouça de novo.”

O oitavo volume da série Acoustic Project surge como um encontro entre o íntimo e o atemporal. Canções que marcaram gerações voltam aqui com nova roupagem — às vezes suavizadas, às vezes cruas — mas sempre preservando sua essência emocional. A proposta segue viva: reunir versões acústicas, ao vivo ou reinterpretadas de faixas que dialogam com memórias afetivas, descobertas tardias e referências em trilhas de novelas.

Logo na abertura, Lady Antebellum conduz o ouvinte com a delicadeza de "Just A Kiss", revelando o peso da simplicidade harmônica no country-pop.

Em seguida, Dan Wilson — ex-Semisonic — entrega uma "Secret Smile" com roupagem jazzística no álbum Live at the Pantages, em sua carreira solo. É uma releitura elegante e inesperada de um hit dos anos 90.

Mike Oldfield, conhecido por composições instrumentais e trilhas como a da série Arquivo X, aparece com a versão unplugged de "Moonlight Shadow", faixa originalmente lançada em 1983 no álbum Crises, com os vocais delicados de Maggie Reylli. Quarenta anos depois, a reedição deluxe traz essa nova leitura acústica, mantendo sua aura etérea. 
Dado curioso: a canção está incluída como parte de um medley com "Every Breath You Take" no final da trilha da novela Voltei Pra Você, interpretada pelo grupo Green Lights.

"Super Duper Love", com Joss Stone, ganha vida em um registro de uma sessão acústica da rádio KBCO, cheio de frescor soul com apenas baixo, órgão e voz. Meredith Brooks revive sua irreverência em "Bitch" numa versão minimalista de violão e voz.

Diego Torres revisita "Sé Que Ya No Volverás" no MTV Unplugged e entrega uma grata surpresa: o arranjo em ritmo de reggae, inesperado à primeira vista, revela-se sensível e emocional. É como se a tristeza encontrasse um novo jeito de ser contada.

Sheryl Crow retorna com uma potente interpretação de "If It Makes You Happy", ao vivo, reafirmando a força de sua voz e presença cênica embalada por seu violão e um acompanhante no violino.

"Into the Night" tem uma história rica e cheia de reviravoltas. Benny Mardones a lançou pela primeira vez em 1980 no álbum Never Run, Never Hide, pela Polydor. Quando parecia que a canção iria se perder no tempo, ele a regravou em 1989 após assinar com a Curb Records, reafirmando seu poder emocional.
Mas foi em A Journey Through Time, de 2002, que Benny ofereceu ao público duas versões: uma mais roqueira e outra acústica, que é a que brilha aqui. Nesse formato, a canção revela ainda mais seu apelo atemporal — um misto de melancolia e ternura que atravessa gerações.
Mardones pode ter sido carimbado como one hit wonder, mas isso nunca foi medida de sua entrega artística. Sua insistência em revisitar e reinventar essa faixa mostra um compositor que acreditava na força da própria obra. E tinha razão.

Outra lembrança especial é "The Way", da banda americana Fastball. A faixa impulsionou o segundo álbum do grupo, All The Pain Money Can Buy (1997), que conquistou projeção internacional e levou a banda às paradas em vários países. No entanto, o mesmo não se repetiu com The Harsh Light Of Day, de 2000, e os lançamentos seguintes acabaram restritos ao eixo Estados Unidos–Reino Unido. A versão ao vivo incluída aqui supera a acústica de estúdio — esta última marcada por um desafino inicial e risos do vocalista, sem correção na gravação —, revelando uma performance mais sólida e fiel à essência da banda.

Gravada originalmente por Gloria Estefan acompanhada da Miami Sound Machine, "Words Get In The Way" ganha aqui espaço em sua versão ao vivo e intimista. A primeira aparição dessa leitura foi no single 7” de "Get On Your Feet" (1989), extraída do show Live From The Homecoming Concert. Mais tarde, a performance seria incluída em CD no Single "Go Away" (1993), que promoveu a coletânea Greatest Hits. Violão, percussão leve e teclados conduzem essa interpretação de atmosfera delicada, que flerta com elementos de bachata e bossa nova — combinação que Gloria potencializa o romantismo da canção e sua entrega vocal.

"You’re the Voice", de John Farnham, ganha interpretação acústica no álbum The Acoustic Chapel Sessions, de 2011 — um raro momento de destaque internacional do cantor australiano, eternizado por esse único sucesso mundial.

"Never", da banda Heart, aparece em uma versão inédita lançada apenas na box The Box Set Series de 2014, contando com a luxuosa presença de John Paul Jones (Led Zeppelin).

Já "I’ll Be There", aqui no M50 Mix retirado do álbum Stripped Mixes, lançado digitalmente em 2009, valoriza a interpretação vocal do jovem Michael Jackson com violão em destaque — o que justifica sua presença nesta coletânea.

"Unwritten", de Natasha Bedingfield, vem em versão alternativa com a banda Carney — a mesma que serviu como trilha para o reality The Hills (MTV, 2006–2010). A versão foi incluída como bônus na edição americana do álbum Strip Me Away, em 2011.

"One Headlight", dos Wallflowers, e "Rolling in the Deep", com Adele ao vivo na iTunes Live, somam força e emoção à seleção. Lindsey Buckingham surpreende com a crueza vocal e instrumental de "Trouble", num raro registro ao vivo que revela o quanto menos pode ser mais.

Encerrando, o volume traz o clássico "Dreams" em uma releitura noventista da banda The Corrs — uma homenagem à sonoridade do Fleetwood Mac, mas com sotaque celta e delicadeza irlandesa. Gravada ao vivo em Dublin, a faixa apresenta uma introdução distinta da habitual, fechando com sutileza e frescor esse novo capítulo.

Faixas:
01. Just A Kiss - Lady Antebellum (tema da novela Fina Estampa)
02. Secret Smile [Live] - Dan Wilson of Semisonic
03. Moonlight Shadow - Mike Oldfield feat. Maggie Reylli (tema da novela Voltei Pra Você)
04. Super Duper Love [KBCO Studio Live] - Joss Stone (tema da novela Da Cor do Pecado)
05. Bitch - Meredith Brooks
06. Se Que Ya No Volverás [MTV Unplugged] - Diego Torres (tema da novela Zazá)
07. If It Makes You Happy [Live] - Sheryl Crow (tema da novela Labirinto)
08. Into The Night - Benny Mardones (tema da novela Um Homem Especial)
09. The Way [Live] - Fastball (tema da novela Era Uma Vez...)
10. Words Get In The Way [Live] - Gloria Estefan (tema da novela O Outro)
11. You're The Voice - John Farnham (tema da novela O Outro)
12. Never [Live] - Heart with John Paul Jones (tema da novela De Quina pra Lua)
13. I'll Be There [M50 Mix] - Jackson 5
14. Unwritten - Natasha Bedingfield feat. Carney (tema da novela Bicho do Mato)
15. One Headlight - Wallflowers
16. Rolling In The Deep [iTunes Live] - Adele (tema da novela Morde & Assopra)
17. Trouble [Live] - Lindsey Buckingham
18. Dreams [Live] - The Corrs (tema da novela Era Uma Vez...)

Para baixar esta coletânea em FLAC (Lossless), clique AQUI.