Formado no início dos anos 80, o Zenith surgiu na cidade de Mogi Guaçu/SP, despontando como uma das bandas mais ousadas e autorais do rock brasileiro daquela década. Com letras em português e sonoridade que mesclava hard rock, A.O.R. e influências progressivas, o grupo fincou sua identidade mesmo longe dos grandes centros.
A formação clássica da banda era composta por Rogério Nogueira (vocal), Dé Vasconcellos (guitarra), Marcus V. Lima (baixo), Hamilton Lima (bateria) e, posteriormente, Zuza (teclados). Esse núcleo se manteve estável até os últimos dias da banda, sendo responsável pelas composições mais marcantes do grupo.
Entre 1984 e 1985, Rogério chegou a se afastar temporariamente, sendo substituído por Beto Cruz, que compôs e ensaiou quatro músicas com a banda — duas em português e duas em inglês. Dessas, “Change My Evil Ways” e “Solange” seriam posteriormente retrabalhadas por Beto em sua nova banda, A Chave do Sol, sendo esta última gravada oficialmente no LP The Key, de 1987. Curiosamente, Dé Vasconcellos é o mesmo José Carlos Vasconcelos creditado como guitarrista naquele disco, reforçando a ponte direta entre os dois grupos.
Com o retorno de Rogério Nogueira ao vocal, o Zenith retomou sua força criativa e, em 1989, lançou o aguardado álbum homônimo pela gravadora Eldorado, com direção artística de Antonio Duncan e produção de Luiz Carlos Maluly — nome forte por trás de discos de bandas e artistas como Rádio Táxi, Tokyo, Ultraje a Rigor, entre outros, com passagens marcantes pelas gravadoras CBS, RCA e Continental.
A canção “Doce Mãe”, com versos como “Doce mãe, prostituta, liberdade onde andará?”, tornou-se um símbolo do inconformismo juvenil no Brasil pós-ditadura. Segundo Rogério, a letra era uma metáfora: a “mãe” era o Brasil — vendido, explorado, ferido. A faixa foi recebida como música de trabalho da banda e teve repercussão local significativa nas rádios do interior paulista. O radialista Edmilson Pinheiro, de Ibitinga/SP, recorda que “Doce Mãe” fez relativo sucesso à época nas FMs da região, sendo considerada uma das promessas do novo rock brasileiro.
Outras faixas como “Asas”, “Dia-a-Dia” e “Spotlights” carregam a mesma força lírica e instrumental, resultado da maturidade que a banda conquistou ao longo de anos de estrada.
A faixa “Spotlights”, inclusive, é uma versão em português da música “Change My Evil Ways”, composta por Dé Vasconcellos e Beto Cruz durante a passagem do cantor pelo Zenith. Em reconhecimento à autoria original, Roberto da Silva Cruz (Beto Cruz) é creditado como compositor ao lado da banda nesta faixa do disco.
35 anos depois: relançamento histórico em CD
Em julho de 2025, o selo Classic Rock Records relançou em oficialmente o álbum Zenith, pela primeira vez no formato CD, com remasterização feita no Studio Mosh (São Paulo). A edição marca os 35 anos do disco completos em 2024 e resgata uma joia esquecida do rock nacional, que ajudou a escrever a história do estilo com coragem, atitude e talento.
O LP foi capturado com agulha Shure M44G, editado e remasterizado com escuta atenta e criteriosa para redução de estalos, preservando toda a riqueza do registro original.
01. Dama da Escuridão
02. Doce Mãe
03. Estrelas Foscas
04. Asas
05. Spotlights
06. Dia a Dia
07. Muros
08. Curvas de Um Rio

 
 
 
 
Obrigado por resgatar estas bandas tipo "esquecidas", mas que são ótimas.
ResponderExcluirEu queria ouvir o material remasterizado pelo vocalista no Studio Mosh, que já lançou mas não tive como adquirir ainda porque estava na pré-venda. Mas o som desse LP está honesto! Muito bom!!!
ExcluirLembra Wander Taffo e Rádio Taxi!